Humanismo – resumo e exercícios

O Humanismo é um período que nos deu alguns dos mais belos textos da Literatura. Como viver sem “O Auto da Barca do inferno”? Sim, eu sei que você sobreviveria, mas não podemos negar que é uma verdadeira obra prima. Além desse, Camões é unanimidade. Tudo bem que muitos ainda pensam que foi o Renato Russo que escreveu “o amor é um fogo que arde sem se ver”, mas nós todos sabemos que não foi. Aqui trago um panorama geral do período e, além disso, alguns exercícios cujo gabarito disponibilizarei para os assinantes da newsletter.

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HUMANISMO - A literatura no século XV e início do XVI

  • Humanismo: preparação para a Renascença dos séculos XV e XVI. Em Portugal, sustentou-se no tripé representado pela historiografia de Fernão Lopes, na poesia palaciana compilada por Garcia de Resende no Cancioneiro geral e, principalmente, no brilhante teatro de Gil Vicente.
  • Prosa historiográfica: crônicas redigidas por Fernão Lopes (o "guardador das escrituras" da Torre do Tombo), que relatam os feitos históricos dos primeiros reis da dinastia de Avis.
  • Fernão Lopes, cronista-mor do reino: como tabelião oficial, descrevia os sucessivos reinados, opinando e selecionando com critério os materiais incluídos. Partia de uma visão intuitiva para desenvolver uma análise dos acontecimentos, com destaque para a participação do povo.
  • Poesia palaciana: poemas compostos em "medida velha" (redondilhas de cinco e sete sílabas) para o prazer da leitura e declamação, sem acompanhamento musical.
  • Temas explorados: contato com a natureza, deslumbramento com a vida na Corte, tristeza amorosa, ganância mercantil e decadência dos costumes.

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Texto para os exercícios 1 e 2

O pajem do Mestre, que estava à porta, como lhe disseram que fosse fazer o que lhe tinha sido instruído, saiu a galope em seu cavalo, brandindo pelas ruas:
- Matam o Mestre! Matam o Mestre nos paços da Rainha! Socorrei o Mestre! E assim chegou à casa de Álvaro Pais, que era longe dali.
As pessoas que ouviam isto, saíam para as ruas para ver o que estava acontecendo e, começando uns a falar com os outros, alvoroçaram-se nas vontades e começaram a se armar como melhor e mais depressa podiam. Álvaro Pais, que já estava alerta e armado com um capacete na cabeça, segundo hábito daquele tempo, cavalgou apressadamente em cima de um cavalo, coisa
que não fazia há muitos anos, por causa de sua gota. Com todos os aliados que conseguia recrutar, bradava:
-  Socorramos o Mestre, amigos, socorramos o Mestre, que ele é filho do rei D. Pedro! E assim bradavam ele e o pajem pelas ruas de Lisboa.
O alarido correu solto pela ruas da cidade: todos ouviam bradar que matavam o Mestre; e assim se moveram todos com a mão armada, correndo apressadamente em direção ao palácio, para lhe darem vida e afastar o perigo da morte. Álvaro Pais à frente, sempre bradando:
-  Socorramos o Mestre, amigos! Socorramos o Mestre, que o matam sem motivo!
A gente que começou a se juntar a ele era tanta, que era estranha coisa de se ver. Não cabiam nas ruas principais e atravessavam lugares escusos, becos, cada um querendo ser o primeiro a chegar ao palácio e, perguntando uns aos outros, não faltava quem respondesse que o assassino era o conde João Fernandes5, a mando da rainha.

Fernão Lopes. Crónica d'el-Rei D. João I. Adaptada para o português moderno.

1. O conceito moderno de História demonstra que qualquer forma de criação humana depende do esforço coletivo e do trabalho. Sob este prisma, Fernão Lopes é moderno. Tal afirmação pode ser ressaltada em qual aspecto do texto?

2. Em geral, os historiadores relatam acontecimentos em que não é pequena a brutalidade e a sede de vingança. Porém, tais acontecimentos não costumam emocionar o leitor. É esse o caso de Fernão Lopes?

Texto para os exercícios 3 e 4

A beleza desta cantiga é amplificada pela sonoridade e pelo ritmo. O poeta, com delicadeza e ternura, evoca sua amada e fala das saudades qu£ irá sentir em sua partida. Trata-se de uma cantiga palaciana, diferente das cantigas trovadorescas.

mote

Senhora, partem tão tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhum por ninguém.

glosa

Tão tristes, tão saudosos, tão doentes da partida, tão cansados, tão chorosos, da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. Partem tão tristes os tristes, tão fora d'esperar bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém.

João Roiz de Castelo Branco. Cancioneiro geral

3. A harmonia vem da rima e da ideia central que se repete. Quais outros elementos reforçam a camada sonora do poema?

4. Os versos revelam tristeza saudosa, que beira a fatalidade. O que imprime ao poema um tom fatalista?

5. Em meados do século XIV, a poesia trovadoresca entra em decadência, surgindo, em seu lugar, uma nova forma de poesia, totalmente distanciada da música, apresentando amadurecimento técnico, com novos recursos estilísticos e novas formas poemáticas, como a trova, a esparsa e o vilancete. Assinale a alternativa em que há um trecho representativo de tal tendência:

(     )  a) Non chegou, madre, o meu amigo,
e oj' est o prazo saído!
Ai, madre, moiro d'amor!

(     ) b) Estes olhos nunca perderán
senhor, gran coita, mentr'eu vivo for;
e direi-vos, fremosa mia senhor,
destes meus olhos a coita que han:
choran e cegan, quand'alguém non veen.

(     ) c) Meu amor, tanto vos amo,
que meu desejo não ousa
desejar nehua cousa.
Porque, se o desejasse,
logo a esperaria,
e se eu a esperasse,
sei que a vós anojaria:
mil vezes a morte chamo
e meu desejo não ousa
desejar-me outra cousa.

(     ) d) Amigos, non poss'eu negar
a gran coita que d'amor hei
ca me veio sandeu andar,
e con sandece o direi:
os olhos verdes que eu vi
mi fazen ora andar assi.

(     ) e) Ai! dona fea, foste-vos queixar
por(que) vos nunca louv'en meu trobar;
mais ora quero fazer un cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

6. Observe as afirmações e responda:

I) O termo Humanismo corresponde a um período de transição entre a Idade Média e o Renascimento. Além de estudar as humanidades (línguas clássicas, história, filosofia, poesia), os humanistas dedicavam-se à investigação de aspectos terrenos do homem (psicologia, comportamento, costumes), então considerado a maior criação de Deus.
II) Em Portugal, há três grandes manifestações no período humanista: poesia em medida velha, de Camões; teatro moralizante, de Gil Vicente; e poesia palaciana do Cancioneiro geral organizado por Garcia de Resende.
III) Costuma-se apontar como começo do Humanismo em Portugal a criação da primeira grande biblioteca do Reino: a Torre do Tombo (1418/1434), cujo trabalho de organização foi entregue a Gil Vicente.

a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas a III está correta.
d) Apenas a I e II estão correias.
e) Apenas II e III estão corretas.

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