Volte a escrever e seja feliz


 Tem gente que acha normal dizer isso.

Ontem tive uma reunião amena no cursinho. Falávamos a respeito da proposta da semana e num dado momento alguém disse que a proposta de narração dada era muito bem feita e que tinha ficado até com vontade de escrever. Diante de tal comentário, eu disse “escreva”. Estranho foi que a pessoa afirmou com todas as letras que tinha preguiça de escrever. Era muito mais fácil, na visão dela, criticar os textos dos alunos do que ela mesma redigir algo.

Isso me fez pensar em como, ao longo do tempo, deixamos de colocar no papel nossas angústias e até mesmo nossas alegrias. Não é exagero afirmar que a maioria das pessoas não gosta de escrever e que isso é culpa dos professores pelos quais elas passaram. Não me refiro, é claro, aos de Português. Estes, invariavelmente, dão atividades de escrita com um propósito específico. Falo dos professores de outras disciplinas. Cansei de ver colegas pedindo redações apenas para não precisarem se desgastar com o discurso que deveriam fazer caso os alunos não estivessem compenetrados sobre seus textos. Além disso, há os questionários chatos, redações sobre as férias, cópias intermináveis da lousa, recursos empregados mais como instrumentos de tortura do que como atividade pedagógica.

Com meus alunos tento não ser o que foram para mim os professores do Ensino Médio. Reverter essa situação não é tarefa fácil, mas acho que ter um blog contribui muito para acabar com o medo de escrever. Há textos e público pra todo e qualquer gosto, por isso, alguns passos podem ser dados de forma segura. O primeiro passo é fugir dos modelos cristalizados. Quantas vezes vi alunos levando questionários respondidos para o professor e ouvirem dele um sonoro “no livro está diferente”. Não vejo motivo para repetir exaustivamente determinadas respostas. Como queremos seres que pensam em nossas escolas e blogs se nos limitamos a repetir modelos prontos e a cobrar respostas padronizadas. Diante disso, é sempre melhor SUGERIR um caminho, mas não deixar de parar um pouco para analisar a trilha pela qual o aluno passou para chegar ao mesmo lugar que você esperava que ele chegasse.

Além disso é necessário devolver ao ato comunicativo sua principal função: COMUNICAR. Todos escrevemos para nos comunicarmos. No ambiente escolar e na blogosfera, é preciso que o autor compartilhe suas experiências de vida, opiniões e até mesmo alegrias e angústias com os demais integrantes do processo comunicativo.
Creio que ninguém espera encontrar um novo talento literário a cada blog que aparece por aí, mas não devemos menosprezar os que se propõem escrever. Todos temos o direito ao espaço para se colocar aquilo que se quer dizer.

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15 Comentários

  1. E mais um blog do Rogerio surge, pronto a matar a sede e fome pela escrita hahaha

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  2. Quero escrever assim um dia. rsrs
    Quando vejo relatos como o seu, dá uma vontade de voltar a lecionar...
    Mais um belo post, como sempre.

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  3. Hugo, vontade de escrever não falta. O problema é que o trabalho insiste em querer que eu faça outras coisas. Preciso arrumar um emprego em que o principal seja escrever.

    Lucy, como eu mesmo falei no texto, há público pra todo o qualquer tipo de texto. Não pense que isso seja um dom ou coisa parecida. No meu caso, falo abertamente, é puro suor.
    Quanto a querer voltar a lecionar, se for culpa minha isso eu nunca mais me perdoarei.

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  4. Moço, eu simplesmente AMO escrever e escrevo muito, desde que aprendi a ler! Faço o possível para não errar uma palavra ou um acento, mas confesso que minha dificuldade maior é com crases...É vergonhoso dizer, mas nunca sei quando devo colocar ou não, enfim...

    Gostei muito do teu texto, parabéns!

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  5. Du, tenho minhas dificuldades também. Nessas horas a questão é bagagem. Quando não sei e eu sou o autor do texto, não titubeio e troco rapidinho por sinônimos ou reformulo o que queria dizer. Aguarde, pois nesta semana escreverei sobre crase. Nunca mais dirá que não sabe.

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  6. Bauru, devo admitir que também tenho uma imensa preguiça de escrever, até pq tenho a letra horrível, mas horrível mesmo, e meu braço sempre cansa, digitar at´´e que ñ vejo problema, mas fico numa procastinação (É assim?) incrível, deixo para escrever os posts nos Domingos a noite... (isso que é enrolar), o bom é que saem todos de uma vez, um embala o outro...

    New Blog! \o/

    --
    AndersonZ1.

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  7. Ei BAuru fico feliz de ver mais um blog seu :o)
    Concordo plenamente contigo quanto ao texto.

    Peço desculpas antecipadamente pelo que vou dizer, não o farei com a intençao de ofender ninguém, a nao ser pela vontade de expressar minha opiniao. Só isto.

    Fico muito triste e te digo sem constrangimento algum que já causei algumas confusoes com colegas por conta do que disse: "Está diferente do texto.."
    Oras, cada interpretaçao é única, o que deve ser levado em conta é o contexto em que a mesma está inserida... e se não estimulamos os alunos a pensarem "diferente" como teremos novas idéias?
    O que me angustia é que alguns profissionais não querem ter que pensar, rever seus conceitos, ficam presos dentro de quadrados e limitam-se a tese papagaio, repetir, repetir, repetir... :o(
    Que pena!

    Bem, quanto a escrever, quase nem gosto nao é? :P
    O detalhe que muitas pessoas confundem é que nao "escrevo" literalmente falando, apenas converso digitando :P :D é bem diferente uma coisa de outra...rssss.. é ou nao é? Fala sério!!

    Português? O quê? Quando? Como?
    Vergonhosamente admito que sou péssima! Vou melhorar, voce verá. O pouco que parece coerência é influência das minhas leituras :o)
    Eiii me avisa quando postar sobre crase, por favor, por favor...
    Ah, tá bom! Como acho difícil vc ir até lá me avisar, vou me inscrever no feed ;o)
    Abs.

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  8. Ups!! Não era coerente ali??
    Uiiiiiiiii! Tá vendo como é difícil a arte de falar digitando? rssss
    Putzzz!! Bem que poderia ter um revisor de textos a área do comentário, não é??
    Brincadeirinha, brincadeirinha....rindo muito aqui...sorry!!!
    Fuiiiiiiii

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  9. Z1... o Preguiçoso de Sempre!, não se acanhe. Escrever é um exercício como qualquer outro. Treinar faz parte. Quanto à letra, não há maneira de melhorar se não praticar. No meu caso, resolvi esse problema quando passei a escrever com letra de fôrma. Primeiro por obrigação por causa das aulas de Desenho Técnico do SENAI, mas acabei incorporando. Sugiro que escreva e se precisar de ajuda em algo, é só falar, viu!

    Kinha, você e seus posts dentro dos comentários. Adoro isso. Já já será convidada a escrever em algum blog dada a facilidade que tem em se expressar. O que disse é verdade, você escrev como conversa e isso é adequado neste contexto. Quanto aos "meu colegas", não há como negar. Há muitos por aí que têm medo de enfrentar os alunos, de discutir com eles, de buscar novos caminhos. Não quero, no entanto, que fique triste com o que vou dizer. Discordo em partes contigo. Os textos sim admitem mais de uma interpretação, mas não TODA e QUALQUER interpretação. Abraço.

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  10. Ô Bauru, ficar triste contigo?
    Por falar o que pensa? Ai, ai,ai eu teria que ficar brava comigo toda que me olhasse no espelho, né?? :P
    Tudo bem que vc pensa antes de falar...rsss... só aí já ganhou mil de mim :o))
    Querido professor (sentiu que aí vem comentário básico..rs)Nao me refiro a todo e qualquer comentário, falo daqueles que tem relevância e se enquadram no contexto a que se propõem e que só pq (a abreviação sempre me livra do sufoco de : Tem acento,não tem, separado, junto....rsss....) não tem as mesmas letras e nem tão pouco estão na seqüência da descrição no texto, não poderá ser considerado.
    Arghhh!! Fico azul com isto. Vc nem imagina!!
    Já, já chego a 1.80 cm sem o salto...Hrum!!

    Mudando o foco, fico feliz que nem pintinho no lixo quando vc diz que gosta de algo que disse :P
    Paaaraaa que isto não é pra ganhar elogios nao (se bem que é tão bom...rssss)é simplesmente alegria, que nem criança mesmo.Na maioria das vezes só tenho tamanhão, que nem é tão tamanhão assim, o básico!
    Amanhã verei o post da crase de novo. Já vi no feed seu bobo..rssss... é que este tenho que aprender, é diiiiferente!
    Tenho uma proposta pra fazer a vc sobre um projeto que estou desenvolvendo objetivando o aproveitamento da integração virtual para uma educação real.
    Depois te conto.
    Dorme bem e que amanhã seja um dia lotadinho de bênçãos. ( com o devido respeito tratamento vip hoje - Estou feliz oras.... morrendo de rir aqui..ai, ai, que bom desopilei o fígado :P)

    Abs.

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  11. Noossa relmente essa Kinha adoora escrever... haja coragem para enfrentar o Portugues...
    Acredito que muitos blogueiros e fãs da lingua em questão vão adotar este blog como "material de estudos" ein bauru?
    Parabéns pela iniciativa =)

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  12. Rogério porque você não tenta um emprego em agência como redator, ou ainda como revisor, não sei cara, você é bom e chato com detalhes, eles adoram isto ehheehhe - Faça um senhor currículo e distribua =D

    Utilize seus blogs como vitrine também, uma boa tática seria mandar correções para textos alheios em locais que vc deseja trabalhar huaiehoieuhuioe

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  13. Indice,
    eu tenho mesmo um probleminha que alguns chamam de sindrome dos dedinhos nervosos...rsss... e eu bem, como já disse, defino, não como "escrever", mas falar digitando :P <:o)
    Quanto a enfrentar o português, em algum lugar deve ter um cartaz de "procura-se", pois, vez ou outra ou em sempre...rss.. mato algumas regrinhas básicas...sorry!! 8)
    Mas (agora vem aquela desculpa...hehehehe) como estou falando e não escrevendo, isto não é assim tão relevante, é? ;o)
    A escrita nem me incomoda nao, nem um cadiquinho, mas já a interpretaçãoooo que se dá a ela, esta sim é complicadinha! ;D
    Afff!! Ô trem difirci sô!!
    Bauru, a aula de crase valeu. Qual será o próximo tema do EAD? :D :D
    Bom domingo a todos.Muita paz, amor e luz ;)
    Abs.

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  14. Eu remei contra a maré, como sempre. Desde que me entendo por gente, sempre gostei de ler e escrever.

    Gostar é pouco, pois faço ambos de forma compulsiva, e acho estranho ver quem ache que exercer essas atividades seja coisa de vagabundo.

    Acredite, tem quem diga isso e pergunte se o que tanto leio/escrevo um dia será útil pra mim, já que não são apostilas de concurso público. E se um estudante concurseiro (na base da decoreba) é capaz de dizer isso, o que não esperar do futuro?

    Escrever dá medo e só a prática muda esse tipo de panorama. Pena que medo e preguiça nesse caso, embora diferentes, se apresentem como a mesma coisa.

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