Aprenda o que é o gênero lírico

O artigo de hoje dá continuidade aos nossos estudos de Literatura. Vamos estudar, e praticar, sobre o Gênero Lírico. Veja as características e depois tente resolver os exercícios.

anotacao-caderno-aula

Poesia lírica

  • Poesia de emoções e sentimentos da primeira pessoa: o eu subjetivo.
  • A subjetividade é íntima: nela é que se produz a poesia lírica.

Divisão temática

  • A lírica pode ser estudada através de temas (assunto ou idéia central) e motivos (espécie de tema secundário).
  • A maior parte da poesia é lírica, incluída a música popular cantada.
  • Um poema lírico possui geralmente um tema e vários motivos a ele associados.
  • Temas principais:
    I) O amor
    II) A natureza
    III)  A pátria
    IV)  O enigma existencial
    V) O enigma religioso
    VI) Eras da vida
    VII) A poesia descritiva
    VIII) A consideração da sociedade
    IX) A poesia biográfica
    X) A poesia metalingüística

Texto para os exercícios de 1 a 3

Ó sino de minha aldeia
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

Fernando Pessoa

1. Indique as formas gramaticais em que se manifesta o eu-lírico.

2. Indique algumas imagens musicais, em que se repetem elementos sonoros, e algumas imagens visuais do poema.

3. Indique alguns elementos que comprovem a presença da função poética da linguagem.

Instrução para os exercícios de 4 a 8

Leia os poemas a seguir e identifique seus temas predominantes, numerando-os conforme o item “Temas principais”, do tópico acima destes exercícios.

4.  (    )

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje quando me sinto,
É com saudades de mim.

Mário de Sá-Carneiro

5.  (    )

Vou sempre além de mim mesmo
em teu dorso, ó verso.
O que não sou nasce em mim

e, máscara mais verdadeira do que o rosto,
toma conta de meus símbolos terrestres.
Imaginação! Teu véu
envolve humildes objetos
que na sombra resplandecem.
Vestíbulo do informulável,
poesia, és como a carne,
atrás de ti é que existes.
E as palavras são moedas.
Com elas, tudo compramos,
a árvore que nasce no espaço
e o mar que não escutamos,
formas tangíveis de um corpo
e a terra que não pisamos.
Se inventar é o meu destino,
Invento e invento-me, Canto.

Ledo Ivo

6.(    )

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é
porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas,
sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro
Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

Carlos Drummond de Andrade

7. (     )

Quando eu te fujo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
- Meu Deus, que gelo, que frieza aquela!
Como te enganas! meu amor é chama,
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela - eu moço; tens amor, eu - medo!...

Casimiro de Abreu

8. (     )

Verificar o azul nem sempre é puro.
Melhor será revê-lo entre as ramadas
E os altos frutos de um pomar escuro
azul de ténues bocas desoladas.

Melhor será sonhá-lo em madrugadas,
fresco, inconstante azul sempre imaturo
azul de claridades sufocadas
latejando nas pedras - nascituro.

Não este azul, mas outro e dolorido,
Evanescente azul que na orvalhada
Ficou, pétala ingénua, torturada.

Recupero-o, sem ter, e ei-lo perdido,
azul de voz, de sombra envenenada,
que em vós se esvai sem nunca ter vivido.

Alphonsus de Guimaraens

Postar um comentário

0 Comentários