10 exercícios de Coesão Textual

No artigo de hoje vamos falar um pouco mais sobre coesão. São vários exercícios para que possamos treinar mais os mecanismos linguísticos que ajudam a organizar melhor o texto. Como todos vocês sabem, uma das qualidades mais desejáveis no texto é a coesão. Ela, junto com a coerência, é necessária para conferir ao texto o sentido de unidade tão necessário para que ele transmita uma mensagem de modo eficaz.

coesão textual

Novos exercícios de coesão textual

O significado global de um texto não é apreendido a partir da simples soma de cada uma de suas partes. Isso porque o sentido geral depende de vários tipos de correlação entre elas. Observe a tirinha a seguir.

1
a)  Esse quadrinho é o terceiro de uma tirinha de Hagar. Trata-se de uma criação humorística. Mas, assim isolada, a parte da tirinha não produz humor e seu significado é muito vago. Tente dizer o que se pode depreender do sentido enigmático da fala de Hagar.

b)  Veja agora esse quadrinho dentro da tirinha completa, como vem a seguir:

hagara
Correlacionada com os outros dois quadrinhos, a fala de Hagar adquire sentido e dá sentido para o trecho todo. A pergunta feita por ele traz implícita a resposta à pergunta da sua mulher. Qual é essa resposta? E por que ela produz efeito de humor?

2.   As piadas sempre são úteis para demonstrar como, num texto, é a correlação entre as partes que define o sentido do todo. Leia o que vem transcrito a seguir.

"Da mãe para o filho roqueiro:
— Se você não parar de tocar essa maldita bateria, eu vou acabar ficando louca.
— Mãe, faz meia hora que parei de tocar."

A leitura dessa piada só não admite uma destas interpretações:
a)  A fala do filho, isolada da fala da mãe, não produz nenhum efeito de humor.
b)  A fala do filho sugere que a mãe já ficou louca.
c)  O efeito de humor está no fato de que não é o filho o responsável pela loucura da mãe.
d)  Num outro contexto, a fala do filho poderia querer dizer que a mãe reclama sem razão.
e)  Esta piada ilustra bem o dado de que, num texto, o sentido de cada parte não é independente do significado das demais.

Texto para os exercícios 3 e 4

tira
3.    Muitas vezes, uma frase (ou um trecho) fora de contexto produz resultado desconcertante.
a)  Pelos dados da tirinha, presume-se que Lady Godiva conhecia Hagar?

b)  O uso da palavra moça, para designar a sua interlocutora, é um indicador expressivo do tipo de relação que Hagar tem com ela. Trata-se de uma relação de intimidade? Explique sua reposta.

c)  Ao se desculpar por não tê-la reconhecido de início, Hagar apela para um lugar-comum, muito explorado nessas horas. Mas a velha desculpa, nesse contexto, produziu o efeito desejado?

4.    Sobre essa tirinha, só não tem cabimento um dos seguintes comentários:
a)  A desculpa de Hagar é um lugar-comum, típico de quem não tem o que falar no momento.
b)  Hagar quis dar uma desculpa e acabou dizendo algo sem nenhuma adequação à situação concreta do diálogo.
c)  Certas falas que são apropriadas num contexto, noutro ficam totalmente desastrosas.
d)  O efeito de humor da tirinha decorre do fato de que Hagar tinha intenção de ridicularizar Lady Godiva.
e)  Um dos inconvenientes do lugar-comum é que, em certos contextos, pode adquirir sentidos ridículos.

5.    No interior de outro texto, a mesma frase poderia perder o tom ridículo e até ser indício de delicadeza, atenção e polidez. Por exemplo:

"Um homem diante do novo penteado de uma antiga amiga, com quem não se encontrava há tempos:
— Quase não a reconheci de costas. Você não mudou o penteado? Está com aparência mais juvenil."

a)  Nesse trecho, há uma frase idêntica à que Hagar usou na tirinha anterior: Você não mudou o penteado? Pode-se dizer que ambas produzem o mesmo resultado?

b)  Como se explica o fato de frases idênticas terem sentido quase opostos nos textos em que ocorrem?

Texto para os exercícios de 6 a 10

Espalhados pelo interior do texto, existem certos termos (palavras ou expressões) responsáveis pela correlação entre cada uma das suas partes. Trata-se dos marcadores de coesão, elementos que só assumem sentido quando são associados aos termos a que se referem.
Leia o texto a seguir:

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.

Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. In: Obras Completas. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1997, pág. 513.

6.    No início do texto aparecem as palavras princípio e fim, que vêm, logo a seguir, traduzidas por outras palavras de mesmo sentido. Quais são elas?

7.    Após os dois pontos, vêm duas palavras que nos remetem a uma mesma palavra anterior.
a)  Quais são essas duas palavras?

b)  A que palavras elas nos remetem?

c)  Em vez dessas, o narrador poderia ter usado outras duas palavras (dois pronomes anafóricos) para recuperar a mesma palavra. Quais seriam esses pronomes?

8.   O narador declara que, para abrir suas memórias, preferia adotar um método diferente.
a) Trata-se de um método diferente do quê?

b)  Suponha que efetuássemos a seguinte alteração no texto: "(...) a primeira é que eu não sou propriamente um defunto autor, mas um autor defunto, para quem a campa foi outro berço (...)"
Essa troca afetaria o argumento usado para justificar sua escolha por começar as memórias pela morte, e não pelo nascimento?

c)  O texto diz: "a campa (o túmulo) foi outro berço". Outro pressupõe a existência de pelo menos um termo, além daquele considerado. Qual foi o outro berço?

d)  No trecho "o escrito ficaria assim mais galante"— isto é, mais elegante, mais bonito — o termo em destaque é um anafórico, com o sentido de desse modo, com essa feição. A que parte do texto ele se refere?

9.    Antes dos verbos transcritos a seguir, há uma palavra subentendida, um termo "apagado" (caso de elipse). Transcreva antes de cada um desses verbos (ou locuções verbais), o termo que vem elíptico.

— hesitei
— devia abrir
— poria

10.   "(.. ) para quem a campa foi outro berço (...)"

a)  O pronome quem é um anafórico, isto é, remete-nos a algo já citado anteriormente. A quem se refere esse pronome?

b)  Teria cabimento, dentro da lógica do texto, dizer que esse pronome nos remete a autor defunto?

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