Romantismo–características e autores

O Romantismo chegou ao Brasil em 1836, com a publicação do livro de poemas Suspiros Poéticos e Saudades, de Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882), em pleno Período Regencial. O Romantismo brasileiro coincide com a conquista de nossa independência política e com a formação dos mitos que a sustentam espiritualmente. A consolidação da Literatura romântica no Brasil dar-se-ia com Primeiros Cantos (1846), de Gonçalves Dias, e O Guarani (1857), de José de Alencar. Esses dois autores foram os principais responsáveis pela criação do mito de uma natureza privilegiada no Brasil: índios honrados e heroicos, que deveriam ser imitados pelos brancos na sociedade urbana; rios, matas, bichos, flores, cores e cheiros os mais encantadores do planeta; céus, estrelas e mares de belezas inigualáveis.

A vinda da Família Real, em 1808, foi o primeiro passo para a conquista de nossa autonomia política. D. João VI trouxe consigo uma população de mais de 10.000 pessoas, entre nobres, funcionários públicos, exército, intelectuais e artistas.

Logo depois de sua chegada, instalou-se a Imprensa Nacional, o Banco do Brasil, o Jardim Botânico, a Biblioteca Nacional e a Escola de Belas Artes, esta liderada por uma famosa equipe de artistas franceses. Fundou-se também um teatro de grandes proporções, frequentemente visitado por companhias europeias. Enfim, de um momento para o outro, o Rio de Janeiro deixou de ser uma pequena cidade colonial, para se transformar na sede do governo português, com ruas calçadas, iluminadas e higienizadas.

Com o retorno de D. João VI (1767-1826) para Portugal, seu filho D. Pedro I (1798-1834) proclamou a Independência do Brasil, em 1822. A partir de então, os estadistas, os artistas e os intelectuais se empenharam ainda mais por produzir no Brasil uma vida espiritual que estivesse à altura da condição de país independente. Em 1827, D. Pedro I criou o curso jurídico no Brasil, com a fundação das faculdades de Direito do Recife e de São Paulo.

Em 1831, D. Pedro I abdicou o trono em favor de seu filho de cinco anos, iniciando-se o Período Regencial. Mas isso não obstaria o andamento do progresso local, pois, em 1838, foi criado no Rio o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, responsável pela sistematização do conhecimento da história e da geografia pátria.

Porém, o maior avanço no Brasil oitocentista viria mesmo com o advento do Segundo Reinado, que se iniciou em 1840 e só foi terminar em 1889, com a Proclamação da , República. A base da economia desse longo período foi o café, cuja produção dependia da mão-de-obra escrava. A partir dos anos 50, o Visconde de Mauá (1813-1889) implantaria a indústria no país, com a criação dos primeiros estaleiros navais e das primeiras estradas de ferro. A Guerra do Paraguai (1865-70) contribuiu para a instalação do telégrafo e também para o início do desprestígio de D. Pedro II (1825-1891), até então muito estimado por toda a população.

Todos os grandes escritores do Romantismo brasileiro produziram durante o Segundo Reinado, tematizando, de uma forma ou de outra, os seus conflitos e ideais.

Poesia

1ª Geração: Indianismo / Naturismo (década de 40-50)
Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Araújo Porto-Alegre (1806-1879).

2ª Geração: Byronismo/Ultra-Romantismo (década de 50-60)
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu (1839-1860), Junqueira Freire (1832-1855), Fagundes Varela (1841-1875).

3ª Geração: Condoreirismo / Poesia Social (década de 60-70)
Castro Alves, Tobias Barreto (1839-1889), Pedro Luís (1839-1884).

NOTA: Essa divisão não é rigorosa: Fagundes Varela (1841-1875) participou tanto da 2- quanto da 3§ geração. Gonçalves Dias e Castro Alves escreveram poemas ultra-românticos. Não cabe nesse esquema o nome de Sousândrade (1833-1902), poeta singular de nosso Romantismo, autor de O Guesa Errante, publicado fragmentariamente a partir de 1868.

Prosa

A prosa romântica manifestou-se sobretudo através do romance, longa narrativa em prosa que envolve amor ou aventura e gira em torno de situações ou valores burgueses. Geralmente, apareciam em folhetins, seção dos jornais destinada à publicação dos capítulos dos romances, que, depois, recebiam a forma de volume.

A relação seguinte apresenta os principais autores de nosso romance romântico. As obras apresentadas não são necessariamente as primeiras de cada autor:
Teixeira e Sousa: O Filho do Pescador, 1843. Joaquim Manuel de Macedo: A Moreninha, 1844. Manuel António de Almeida: Memórias de um Sargento de Milícias, 1852-53.
José de Alencar: O Guarani, 1857. Bernardo Guimarães: O Seminarista, 1872. Visconde de Taunay: Inocência, 1872. Franklin Távora: O Cabeleira, 1876.

Teatro Romântico

O teatro romântico foi também iniciado por Gonçalves de Magalhães, que escreveu a tragédia António José ou O Poeta e a Inquisição, encenada em 1838. 0 grande ator do período foi João Caetano (1808-1863), também diretor e empresário teatral. Mas o maior dramaturgo do Romantismo brasileiro foi, sem dúvida, Martins Pena (1815-1848), destacando-se por divertidas comédias de costumes, que focalizam os tipos simples da roça em contato com a vida requintada da Corte, como se pode observar em O Juiz de Paz na Roça, encenada por João Caetano em 1838. Escreveu também: A Família e a Festa na Roça (1842) e O Judas em Sábado de Aleluia (1846).

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