Manipular com o objetivo de convencer

Há algum tempo li uma coletânea de textos a respeito de produção de texto, leitura, estrutura textual e entrei em contato pela primeira vez com os textos do jornalista e escritor Rodolfo Konder. De um desses , trago um fragmento por entender que este poderia muito bem ser o texto inaugural deste blog. Vejam:

O que existe numa palavra ? Letras, sons, significados - e magia. As palavras são mágicas e possuem poder quase ilimitado. Fazem rir, alimentam os sonhos, ameaçam as mais ferozes ditaduras, inquietam carcereiros, acuam torturadores. No mundo inteiro, pensadores, críticos, jornalistas, professores, radialistas, sociólogos, escritores põem em marcha um desarmado exército de palavras que invade castelos, fortalezas, masmorras, corporações e bunkers, como imbatíveis cavalos alados. Elas sobem aos palcos, emergem das telas, povoam livros, jornais e revistas, anunciam, confortam, afagam. Sussurradas junto ao ouvido, acariciam a alma. São cinzentas ou coloridas, ásperas ou suaves. Podem destruir ou ressuscitar. Adormecer ou despertar. Prometer ou desiludir. Matar. Salvar. Precisamos tratar as palavras com carinho, fruir sua magia.

Como veem, o texto, apesar de simples, toca em pontos primordiais. As palavras não voltam vazias. Quando saem da boca do emissor, provocam no receptor reações que podem ser manipuladas ou não. Por isso,  o poema de Cecília Meireles continua tão atual:

Ai, palavras, ai, palavras,
Que estranha potência a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
Sois de vento, ides no vento,
No vento que não retorna,
E, em tão rápida existência,
Tudo se forma e transforma!

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