Qual a utilidade da Língua Portuguesa?

No artigo de hoje vamos pensar um pouco acerca da utilidade da Língua Portuguesa. Esta é uma das primeiras aulas que dou no Ensino Médio. Você já pensou nisso? Todo mundo quer falar bem, escrever melhor ainda, mas não se aplica a estudar como se faz com Matemática, Física e outras matérias. Este é um dos maiores erros dos estudantes que sempre reclamam que não conseguem aprender. Bem, depois de falarmos sucintamente sobre isso, vamos resolver alguns exercícios bastante pertinentes.

Utilidades da língua

Qual o maior equívoco que se comete em relação à Língua Portuguesa?

  • Dá-se à língua menor importância do que "ela de fato tem.

É preciso que se saiba que a língua serve para organizar a compreensão e a interpretação do mundo em que vivemos, para a expressão das nossas emoções, para transmitir informações. Trata-se de um instrumento de primeira necessidade não só para o indivíduo como para toda a sociedade. Isso leva a uma outra reflexão que é a de que, conscientes dos inúmeros papéis da língua, as pessoas certamente dedicariam mais tempo para aprender a operar com ela.

Vamos resolver agora alguns exercícios de compreensão de texto e que refletem o que acabamos de dizer acima:

Exercícios de interpretação de textos

1. A página publicitária a seguir serve para ilustrar um dos papéis da língua. Observe:

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Para maior clareza, transcrevemos abaixo a legenda que atravessa a ilustração.

"Para nós é um zagueiro marcando o centroavante sob pressão. Umbro. A gente só pensa em futebol."

a) O texto da propaganda contém uma interpretação surpreendente da foto reproduzida. Transcreva o trecho que ilustra isso.
R.: “...é um zagueiro marcando o centroavante sob pressão.”

b) Qual seria a interpretação esperada?
R.: Uma possível interpretação seria: um garoto agarra-se à saia de sua mãe num espaço público.

c) Transcreva do texto as passagens que justificam a interpretação surpreendente.
R.: “Para nós”; “A gente só pensa em futebol!”

d) Apesar de surpreendente, a versão dada à foto não é absurda, já que a correlação com o futebol serve de fundamento para cada um de seus itens. Tente identificar, na foto, os dados que permitem interpretar:

  • a mãe como centroavante.

O fato de a mão estar ocupando uma posição central entre dois jogadores virados para a frente, como se estivessem no ataque.

  • o menino como zagueiro.

O gesto do menino agarrando a saia da mãe lembra a marcação cerrada de zagueiros agarrando a camisa doe centroavantes, fato comum numa partida de futebol.

  • ''buscando proteção" como "marcando sob pressão".

O gesto do menino segurando a roupa da mãe por trás lembra a marcação cerrada doe zagueiros, preocupados em não deixar o centroavante escapar ao seu controle.

e) Uma propaganda tem sempre a intenção de criar uma imagem positiva do anunciante e do produto anunciado. Que particularidades do texto analisado contribuem para criar essa imagem?
R.: Em primeiro lugar, o efeito de humor provocado pela Interpretação dada a foto cria a possibilidade de uma reação de simpatia por parte do leitor. Em segundo, é transmitida a ideia de que a Umbro, fabricante de artigos esportivos, é fanática por futebol. Quem é apaixonado por alguma coisa, com certeza vai tratá-la com o máximo cuidado.

f) Com base no texto desse anúncio publicitário, é correto dizer que a língua reproduz (copia) o real ou que o interpreta? Justifique.
R.: O texto põe a mostra, com toda a evidência, o dado de que a língua não copla o real tal qual ele é, mas o interpreta segundo as possibilidades e Intenções do observador. Há uma gritante diferença entre os dados da realidade e a imagem construída pela visão subjetiva do texto publicitário.

Instruções para o exercício 2

Uma das funções da língua é servir de veículo de informação. Usada para esse fim, requer-se dela o máximo de precisão, para evitar ambiguidades ou interpretações indesejadas. Esse ideal, porém, nem sempre é atingido, como se pode observar na questão que segue, extraída de um vestibular.

2. (UNICAMP-SP) A Folha de S. Paulo de 29 de abril de 1997 anunciou o funcionamento do comércio e de outros serviços na cidade durante o feriado do Dia do Trabalho com a notícia abaixo:

Lojas fecham 5ª e abrem domingo

O que abre e o que fecha no feriado prolongado

  • Postos de gasolina: funcionamento facultativo na quinta-feira
  • Correios: fecham quinta-feira
  • Supermercados: fecham quinta-feira
  • Mercado municipal: funciona quinta-feira das 7 h às 12 h
  • Shopping centers: funcionam na quinta-feira apenas praças de alimentação e lazer, das 10 h às 22 h; funcionam normalmente sexta-feira e sábado; todas as lojas funcionam no domingo das 10 h às 22 h

A leitura da manchete, se feita isoladamente, poderia levar a crer que as lojas ficariam fechadas por três dias. Escreva uma nova manchete desfazendo a possibilidade dessa leitura.
R.: Algumas manchetes possíveis: Lojas fecham 5ª, mas abrem sexta, sábado e domingo; lojas: fecham na 5ª, mas compensam no domingo; 5ª, lojas  fechadas; domingo, abertas.

3. É comum o uso de informações corretas para induzir a conclusões duvidosas. Observe o texto que segue, extraído de uma entrevista concedida à revista Época pelo então prefeito de São Paulo, Celso Pitta.

Época: Quanto a prefeitura investiu em obras contra enchentes?
Celso Pitta: Investimos R$ 160 milhões nessas obras no ano passado. É o volume adequado à realidade financeira da prefeitura, mas que, mesmo assim, supera o que foi gasto, por exemplo, na gestão do PT. Destinamos, em média, R$ 176 milhões por ano, enquanto a administração petista aplicou R$ 154 milhões por ano. - Época, 8/3/1999.

O entrevistado fez uso de cifras para concluir que a sua administração destinou mais verbas que a do Partido dos Trabalhadores (PT) para o controle das enchentes. Considerando os números citados em termos absolutos, não há como contestar essa conclusão do prefeito. Analisando, porém, esses dados em conjunto com informações colhidas em outras fontes e com nosso conhecimento de*mundo (levando-se em conta a inflação, por exemplo) é possível contestar a conclusão de Celso Pitta?
R.: É perfeitamente possível. O PT governou São Paulo de 1969 a 1992. Considerando que o valor da moeda não tem permanecido estável, a quantia de R$ 154 milhões, na época, pode ter sido um investimento bem mais alto do que R$ 160 milhões ou R$ 176 milhões em 1995. Para isso, basta que se admita uma Inflação de 10% ao ano.

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