Questões de Português para 6º EF

Depois dos últimos exercícios de interpretação de textos, tenho recebido inúmeros pedidos por mais questões de interpretação de textos com gabarito comentado. Por isso mesmo trouxe outros exercícios de compreensão textual que exigem de você, leitor, bastante atenção. Ao final, confira o gabarito e comentários para verificar seu desempenho.

 

Questões com gabarito de Português

Leia o texto abaixo e responda as perguntas propostas.

A professora ensina como deve ser usada a vírgula e faz um ditado para os alunos colocarem as vírgulas. Eis a redação de Chico:
O homem saiu de casa na cabeça, trazia um chapéu amarelo nos pés, sapatos de lona escura nos olhos, óculos contra o sol na lapela, um bonito cravo vermelho.

(BUCHWEITZ, Donaldo, org. Piadas para você morrer de rir. Belo Horizonte: Leitura, 2001, p. 182.)

 

QUESTÃO 1 (Descritor: analisar o efeito de sentido consequente do uso de pontuação expressiva – interrogação, exclamação, reticências, aspas, etc.)

Assunto: Pontuação e sentido lógico do texto

Reescreva o texto de Chico, pontuando-o adequadamente.

QUESTÃO 2 (Descritor: comparar as opiniões/pontos de vista em dois textos sobre o mesmo tema)

Assunto: Identificação de pontos de semelhança entre dois textos sobre o mesmo tema

Diferentemente da fala, que, além da palavra, conta com vários outros recursos para construir sentido – expressão facial, entonação, gestos, postura corporal, ambiente, etc. – a linguagem escrita dispõe apenas de recursos gráficos. Entre esses recursos gráficos, a pontuação é um dos mais importantes, pois ajuda a organizar sintaticamente o texto e a tornar as ideias mais claras e precisas.

(CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva, 7ª série, 2. ed. reform. São Paulo: Atual, 2003, p. 87.)

As explicações sobre pontuação apresentadas acima podem ser comprovadas pela redação de Chico? Justifique sua resposta.

TEXTO 1

O que é fogo-fátuo?

É um impressionante fenômeno que costuma ocorrer em cemitérios ou pântanos. De tempos em tempos, surgem misteriosas chamas azuladas, que aparecem por alguns segundos na superfície e logo depois somem sem deixar vestígios. Hoje, os cientistas sabem que esse fogo esquisito está ligado à decomposição dos corpos de seres vivos. Nesse processo, as bactérias que metabolizam a matéria orgânica produzem gases que entram em combustão espontânea em contato com o ar. “Ocorre uma pequena explosão e a chama azulada vem acompanhada de um estrondo que assusta quem está por perto”, afirma o químico Luiz Henrique Ferreira, da Universidade de São Carlos (Ufscar)

(Revista SUPERINTERESSANTE, edição especial: Mundo estranho, março 2003. p. 25, com adaptações.)

QUESTÃO 3 (Descritor: estabelecer relações sintático-semânticas na progressão temática – temporalidade, causalidade, oposição, comparação, etc.)

Assunto: Identificação das relações de fato e causa

“Ocorre uma pequena explosão e a chama azulada vem acompanhada de um estrondo que assusta quem está por perto”

Existe uma razão principal, além do estrondo, para o susto provocado pelo fogo-fátuo. Que razão é essa?

TEXTO 2

SUPERPODEROSAS SÃO AS CRIANÇAS

Novos heróis da TV inspiram meninos e meninas a desafiar a autoridade dos pais

Elas são pequenas, mas cheias de superpoderes e mais perigosas do que se pode imaginar. Escaladas como protagonistas das tramas dos desenhos animados, as crianças viraram os super-heróis da vez, capazes de resolver os maiores problemas da humanidade – e sem a ajuda dos adultos. No mundo da fantasia infantil moderna, estimulada pelos novos personagens de desenhos como As Meninas Superpoderosas, O Laboratório de Dexter e Dragon Ball, os adultos perderam o bonde da história – diferentemente do que acontecia há algumas décadas, quando os heróis eram quase sempre “gente grande” – de Os Flintstones a Os Jetsons, passando pelos super-heróis. É o que mostra um estudo coordenado pela psicóloga Raquel Salgado. (...) “Neste mundo cibernético, as crianças têm dialogado com amigos que experimentam a prepotência e têm a constante ousadia de ser sempre mais que todos e tudo”, diz Raquel.

Os novos personagens preocupam os pais. “Eles obtêm vitórias na base da luta. Não há diálogo nem inteligência. Para vencer o mal, só tapas, socos e chutes”, explica a fonoaudióloga Luciane Calonga, de 32 anos. Ela proibiu o filho Thiago, de 5, de assistir a alguns desenhos. “Quando via figuras como Pokémon, o menino ficava agressivo. “Sempre que queria alguma coisa, Thiago vinha chutando e batendo. Era essa a lição que os desenhos passavam”, explica. Outra que aderiu à proibição total foi a estudante de Pedagogia Simone Eusébio, de 34 anos, mãe de Ana Cláudia, de 6. “Já vivemos em um mundo extremamente agressivo e acredito que minha filha não precise passar por isso, pelo menos não agora”, diz.

A violência não é exatamente novidade. Cenas de pancadaria são comuns desde os tempos de Tom e Jerry, o gato e o rato. Desenhos de décadas passadas também relegavam figuras paternas ao segundo plano. A diferença agora é que os adultos são mais ridicularizados e menos respeitados. Ídolos das crianças, Florzinha, Lindinha e Docinho são as três irmãs protagonistas da série As Meninas Superpoderosas, produto de maior sucesso de todos os tempos do Cartoon Network. Elas faltam à escola para salvar o mundo e dão pouca atenção às lições do Professor, um adulto que as criou em laboratório. Outro personagem influente é Dexter, um gênio mirim que faz experiências em um laboratório instalado em seu quarto. Sempre com óculos grossos e jaleco, Dexter se comporta como um adulto, tem um pavio para lá de curto e está sempre brigando com a irmã Dee Dee. Nenhum adulto ensina nada ao menino, que parece já ter nascido com pós-doutorado. Novamente, os pais são figuras quase inexistentes. “Como mãe, me revoltava não ver adultos nos desenhos mas fui percebendo que eles são, na verdade, reflexo da vida atual”, diz Raquel.

Os representantes do Cartoon Network no Brasil explicam o tom dos produtos veiculados por eles. “São desenhos de ação, que mostram crianças de atitude”, afirma Flávio de Pauw, gerente de pesquisas do canal. “As Superpoderosas também vivem situações tipicamente infantis, como a perda de um dente de leite, por exemplo”, lembra Adriana de Souza, diretora de licenciamento do Cartoon. Para os especialistas, não faz sentido crucificar os desenhos que, a sua maneira, são uma espécie de atalho para a realidade. Na vida moderna, os pais, geralmente com excesso de trabalho, conseguem pouco tempo para ficar com os filhos. É isso que está, de certa forma, retratado. “Em uma sociedade caótica, as crianças perceberam que os adultos estão cheios de conflitos, problemas e tarefas. Eles já não têm mais o perfil do herói”, afirma o diretor de cinema de animação Humberto Avelar. “Com os pais ocupados em ganhar dinheiro, as crianças precisam se virar sozinhas. Daí a imagem do super-herói mirim que aprende na TV a driblar os perigos da cidade sem a tutela dos adultos”, afirma Solange Jobim e Souza, professora de Psicologia da pós-graduação da PUC-Rio. Crianças não confundem mundo real com ficção, mas acabam utilizando a fantasia para dar sentido à realidade. “Os conteúdos das histórias a que elas assistem na TV retornam para vida real em suas atitudes”, diz.

Mas não é preciso desligar a TV. Proibir os filhos de ver determinados programas ou desenhos não os impedirá de ter contato com os heróis mirins. Até porque os amigos de escola ou vizinhos incorporam esses personagens às brincadeiras. “O que os adultos não podem fazer é deixar as crianças sozinhas nesse processo. Os pais precisam ver junto, entender o que está acontecendo. E a escola precisa discutir mais a influência da mídia e deixar de encarar a televisão apenas como entretenimento”, afirma Raquel. O papel dos pais é aproveitar os desenhos como uma oportunidade para deixar claro aos filhos que aquela ficção tem limites. “É preciso mostrar às crianças que elas têm algum poder, mas que ele não é absoluto”, diz a psicóloga Raquel.

(Revista ÉPOCA, nº 309, 1º de abril de 2004, p. 56-7.)

QUESTÃO 4 (Descritor: relacionar uma informação identificada no texto com outras oferecidas no próprio texto ou em outro(s) texto(s))

Assunto: Procedimentos de leitura – relacionamento de informações

A manchete “Superpoderosas são as crianças” está referindo-se a dois tipos de crianças. Quais são elas?

QUESTÃO 5 (Descritor: estabelecer relação entre uma tese – global ou local – e os argumentos oferecidos para sustentá-la)

Assunto: Identificação de argumentos que sustentam uma idéia

Quem critica os novos desenhos animados o faz usando dois argumentos principais. Quais são eles?

QUESTÃO 6 (Descritor: localizar informações num texto)

Assunto: Procedimentos de leitura – identificação de informações em um texto.

Como as emissoras que exibem os novos desenhos animados rebatem as críticas que lhes são feitas?

QUESTÃO 7 (Descritor: localizar informações num texto)

Assunto: Procedimentos de leitura – identificação de informações em um texto

Para solucionar o problema da influência da TV sobre as crianças, pais e especialistas apontam caminhos diferentes. Justifique essa afirmativa.

TEXTO 3

A vaguidão específica

- Maria, ponha isso lá em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando chove?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse para ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
- Está bem, vou ver como.

(FERNANDES, Millôr. Trinta anos de mim mesmo. Rio de Janeiro, Nórdica, 1974.)

QUESTÃO 8 (Descritor: utilizar informações oferecidas por um verbete de dicionário e/ou de enciclopédia na compreensão ou interpretação do texto)

Assunto: Procedimentos de leitura – associação entre verbetes de dicionário e o sentido das palavras no texto

Observe, com atenção, os verbetes abaixo:

vaguidão s.m. 1. qualidade do que é vago. 2. desocupado; impreciso; indefinido.

específico adj. 1. próprio de uma espécie. 2. exclusivo, particular.

Se considerarmos os sentidos de “vaguidão” e “específico”, podemos afirmar que o título do texto é absurdo. Por quê?

QUESTÃO 9 (Descritor: estabelecer, na construção do sentido do texto, articulações entre termos pertencentes a uma família lexical ou de um mesmo campo semântico)

Assunto: Procedimentos de leitura – relações entre palavras de uma mesma classe e o sentido do texto

O termo “vaguidão” refere-se, com certeza, ao sentimento do leitor. Afinal, para ele somente é que tudo no texto se torna vago, impreciso, indefinido. Retire do texto exemplos de palavras que contribuem para essa vaguidão.

QUESTÃO 10 (Descritor: reconhecer, em um texto, índices que permitam identificar características do interlocutor ou da passagem)

Assunto: Identificação das características dos interlocutores e de passagens do texto

O diálogo que compõe o texto, para os seus interlocutores, tem pleno sentido, é bastante específico. Por quê?

Gabarito do questionário de Interpretação de textos

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QUESTÃO 1

O homem saiu de casa. Na cabeça, trazia um chapéu amarelo; nos pés, sapatos de lona escura; nos olhos, óculos contra o sol; na lapela, um bonito cravo vermelho.

QUESTÃO 2

As informações oferecidas pela gramática podem ser confirmadas pelo texto de Chico. Uma das funções da pontuação é tornar as frases mais claras e precisas. Ora, a pontuação que o garoto ofereceu a sua redação impedem essa clareza. Afinal, Chico chegou a dizer que o homem saiu de casa na cabeça, trazia um chapéu amarelo nos pés, sapatos de lona escura nos olhos e óculos contra o sol na lapela.

QUESTÃO 3

A razão principal do susto é o fato de o fogo-fátuo ser um fenômeno que ocorre tipicamente nos cemitérios.

QUESTÃO 4

A expressão “superpoderosas são as crianças” refere-se às personagens dos novos desenhos animados e às crianças dos dias de hoje.

QUESTÃO 5

Quem critica os novos desenhos animados o faz argumentando que eles ridicularizam os adultos em geral e os pais especificamente, além de tornarem as crianças mais agressivas.

QUESTÃO 6

As emissoras que exibem os filmes afirmam que eles nada mais fazem do que mostrar a realidade. Os pais estão ausentes dos desenhos de hoje porque, na vida real, eles também estão ausentes da vida de seus filhos.

QUESTÃO 7

Pais e especialistas apontam caminhos diferentes: os pais proíbem os filhos de ver os programas que consideram inadequado. Os especialistas, por sua vez, acham que não adianta proibir. Os pais devem é assistir aos programas com os filhos e explicar-lhes que aquele poder tem limites.

QUESTÃO 8

Considerando as informações dos verbetes, pode-se afirmar que o título é absurdo. Afinal, o que é vago não pode ser específico e vice-versa, o que é específico não pode ser vago.

QUESTÃO 9

Algumas das palavras do texto que comprovam isso são os pronomes indefinidos: qualquer, outros, tudo.

QUESTÃO 10

Para os interlocutores o diálogo faz pleno sentido, pois só eles conhecem a situação comunicativa, o contexto de suas falas.

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