Não escreva como quem fugiu da escola

Quando vamos escrever, seja você um escritor profissional ou apenas alguém que registra suas memórias, decepções ou sonhos num diário virtual ou de papel, devemos nos lembrar de alguns princípios básicos de escrita, isto é, coisas das quais não devemos nos esquecer se quisermos escrever um texto que tenha um mínimo de qualidade. Guardadas as devidas proporções de público e alcance, o texto deve seguir alguns padrões formais em sua apresentação:

1. as palavras devem estar grafadas conforme a ortografia oficial. A ortografia é uma convenção necessária para garantir que as pessoas possam se comunicar por escrito. Imagine os problemas que teríamos para ler um texto se cada um grafasse as palavras como bem entendesse. Se você tiver dúvidas quanto à grafia de alguma palavra (e isso é normal porque a nossa ortografia, embora seja bastante regular, tem lá suas particularidades), o melhor a fazer é consultar o dicionário. Lá as palavras estão registradas em sua forma oficial;
2. os textos são divididos em parágrafos. O parágrafo é um recorte do texto que facilita tanto a vida do autor (auxilia-o a organizar a sequência do seu texto), quanto a do leitor (imagine o trabalho que seria ler um texto sem nenhum recorte formal). Quem já leu Saramago sabe bem que leva um tempo para nos acostumarmos ao ritmo de leitura, pois ele quase não usa sinais de pontuação. A convenção aqui é simples: sempre que iniciamos um parágrafo ocupamos uma nova linha na página, afastando-a um pouco para a direita da margem e grafamos a primeira palavra com letra inicial maiúscula;
3. entre as palavras há sempre um espaço em branco. Novamente, é uma convenção muito útil: ela facilita nossa leitura. Imagine o trabalho que teríamos para ler um texto em que as palavras não estivessem separadas. Você mesmo pode facilmente verificar isso: basta trocar com um(a) colega bilhetes escritos com todas as palavras unidas;
4. os textos devem ser pontuados. A pontuação é também uma convenção que ajuda a deixar o texto claro e orienta a caminhada do leitor. Nesse sentido, podemos dizer que os sinais de pontuação (vírgula, ponto, ponto-e-vírgula, ponto de interrogação, reticências, travessão, aspas, parênteses) funcionam como uma espécie de sinais de trânsito: eles indicam paradas, anunciam direções que o texto vai tomar,  apontam os limites de um segmento do texto, etc.

Como se vê, eu não quis aqui apresentar um texto complexo sobre estrutura textuais e tudo mais que envolve isso, mas sim falar de maneira simples sobre alguns aspectos que têm sido negligenciados pelos alunos, inclusive do Ensino Médio. O que desejamos aqui no Análise de Textos é contribuir para que você amplie seu domínio desta importante face da atividade escrita, buscando deixar seus textos sempre claros e legíveis.

As convenções gráficas não são muitas e aprendê-las não é difícil. Basta você estar atento a elas e consciente de sua importância para a qualidade dos textos que escreve. Um dos melhores caminhos para isso é observar seu uso nos textos bem escritos. Nosso próximo post trará exatamente isso.

P.s.: Claro que o título pode chocar alguém que seja mais sensível às críticas. O objetivo era exatamente chocar, pois assim, quem sabe paramos de escrever errado por aí.