Ontem publiquei aqui uma proposta de redação sobre a miséria. Considerando que os vestibulares desejam candidatos que pensem sobre o mundo que os cerca, temas como estes são bastante pertinentes. Considere também a proposta que publico logo abaixo. Selecionei a seguir um artigo sobre a gravidez indesejada. Leia-o com atenção, pois fala-se muito hoje em dia sobre a legalização do aborto, por exemplo. Converse sobre ele com seus colegas, acrescente-lhe experiências pessoais e depois redija um texto cujo título deve ser "Sexo responsável dá mais prazer".
Proposta de redação sobre orientação sexual
Falta orientação sexual
Ciça Vallério
Todo aborto deixa sua marca: ou no corpo ou na cabeça. Que tal evitar essa situação? Parece óbvio dizer isso, mas não é. Tem gente que, na hora da transa, esquece de uma informação elementar: espermatozoide mais óvulo é igual a gravidez.
Por isso, não esqueça que milagres não existem e o único jeito de evitar filhos é o uso correto de algum método anticoncepcional. Vale camisinha, pílula, diafragma. A tabelinha não é muito confiável e o DIU não é recomendável para mulheres que não tenham tido filhos.
"O que se observa entre as adolescentes é que elas conhecem, muitas vezes, as maneiras de evitar a gravidez, mas há falta de orientação quanto à utilização correta dos métodos", observa Silvani Arruda, psicóloga e diretora da Fxos, uma organização não-governamental (ONG) que pesquisa e produz material educativo relacionado à sexualidade dos jovens.
Outro aspecto importante para se entender o porquê do alto índice de abortos praticados no Brasil, na opinião de Silvani, é que a maioria das mulheres utiliza anticoncepcionais sem assistência médica. Quando escolhem um método, o usam precariamente por falta de informação e desconhecem as contra-indicações e riscos. "As adolescentes, diante de uma gravidez indesejada, acabam se sentindo isoladas, pois não sabem a quem pedir ajuda e perdem seu poder de decisão diante de pressões sociais que consideram o aborto crime e, ao mesmo tempo, criticam a mãe solteira", analisa Silvani.
Talvez essa seja uma das razões por que a maioria das garotas tenta realizar auto-aborto, utilizando desde chás "milagrosos" a superdoses de remédios. "As adolescentes, em geral, demoram a perceber a gravidez", diz a psicóloga. "Quando bate o desespero, elas procuram procedimentos de maior risco para resolver a questão, seja em função de condições econômicas ou por falta de experiência de vida", acredita Osmar Colas, ginecologista e obstetra e professor da Escola Paulista de Medicina.
O pior é que a reincidência de aborto entre as adolescentes é superalta. Imagina-se que quem já passou por um saiba evitar outro. Não é verdade. "Muitas delas voltam a engravidar porque não conseguem se fortalecer o suficiente para conversar com o namorado e negociar o uso de preservativos", explica a psicóloga.
O problema é um só. Para os profissionais da saúde, faltam programas governamentais mais efetivos de orientação sexual e planejamento familiar. "Os jovens precisam de educação dirigida, porque são superestimulados sexualmente pela mídia, que não oferece nenhuma informação em contrapartida", afirma Amélia Seidl, responsável pelo pré-natal de adolescentes no Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, antiga Casa Maternal. O problema também se estende aos pais, que, como diz a médica, estão despreparados para tratar desse assunto com os filhos. "Às vezes, a adolescente até quer contar a eles suas experiências, mas muitos não querem ouvir ou fantasiam ter uma eterna criança dentro de casa." (C.V.)
VALLÉRIO, Ciça. In: O Estado de S. Paulo, 15 ago. 1996.
Instruções para a proposta:
- Deixe clara a intenção, a direção de seu texto;
- Dê um título;
- Redija o texto a caneta azul ou preta e apenas nessas cores sob pena de anulação.
- Se copiar trechos da coletânea, não o faça de modo gratuito, sem intenção argumentativa e cuide para não perder a autoria de seu texto;
- O texto deve ter entre 20 e 30 linhas;
- Deixe explícito no cabeçalho qual das duas propostas foi desenvolvida.
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