Os gêneros literários hoje

A classificação dos gêneros literários proposta por Aristóteles e que citei no post anterior ainda continua servindo como base para a classificação da literatura nos dias de hoje. Porém, com as transformações ocorridas nas sociedades, novas formas textuais foram surgindo, o que levou a uma diversificação e ampliação dos gêneros literários. No final da Idade Média, surgem as novelas de cavalaria, precursoras do romance moderno que, no século XVIII, afirma-se como uma forma épica voltada para a representação da vida burguesa. Já no século XIX, géneros narrativos como a crônica e o conto, ganham novo fôlego com a acentuada expansão da imprensa, que permite a sua publicação em revistas e jornais. Assim, o romance, o conto, a crónica e mesmo os roteiros de cinema e as novelas de televisão são gêneros narrativos derivados da antiga épica.

Mitos antigos e mitos contemporâneos

Uma das primeiras formas literárias de que se tem conhecimento são os mitos, relatos fantásticos que explicam de forma simbólica o surgimento dos seres da natureza, as formas de organização social e alguns aspectos dos seres humanos. De um modo geral, os mitos pretendem esclarecer, de um ponto de vista não científico, os acontecimentos do mundo e da vida humana, tentando dar a eles algum sentido. São exemplos de mitos as narrativas que explicam a criação do mundo e da humanidade, bem como as narrativas sobre deuses e divindades alegóricas, como a Inveja, a Calúnia, a Fama, a Velhice, a Verdade, a Amizade e a Piedade.

Com o desenvolvimento da Filosofia e das Ciências, os mitos antigos perderam grande parte de sua importância na organização da vida social, mas permaneceu o interesse literário, o sociológico e mesmo o filosófico que eles despertam nos leitores ainda hoje. Por meio desses mitos, tanto se pode compreender como se organizavam e ainda se organizam algumas sociedades, como reconhecer aspectos da nossa própria personalidade, projetados nas ações e destinos dos seres mitológicos.

Terra_filosofia

Na mitologia grega, Gaia é a deusa que personifica a Terra. Como nasceu imediatamente após o Caos, foi uma das primeiras divindades a habitar o Olimpo. Sem intervenção masculina, gerou sozinha Urano (o Céu), as Montanhas e o Ponto (o Mar). Formou com Urano o primeiro casal divino e dessa união nasceram os Titãs, os Ciclopes e os Hecatonquiros, gigantes de cinquenta cabeças e cem braços. Urano detestava os filhos e, logo após o nascimento deles, encerrava-os no Tártaro. Revoltada com esse procedimento, Gaia decidiu armar um dos filhos, Cronos (o Tempo), com uma foice. Quando, na noite seguinte, Urano se uniu a Gaia, Cronos o atacou, castrando-o; desse modo o Céu e a Terra se separaram. Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas algumas gotas caíram sobre Gaia, fecundando-a. Desse contato, nasceram as Erínias (na mitologia latina, elas são identificadas com as Fúrias).
O nome Gaia, Geia ou Ge (com variações), é usado como prefixo para designar as diversas ciências relacionadas com o estudo do planeta.

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