Exercício sobre variação linguística

Texto 1

O poeta da roça

Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei.
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça,
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o caboco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquero vestido de coro,
Brigando com o toro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre lüzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá.5. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.

Texto 2

CAPÍTULO III

Da Educação, da Cultura e do Desporto

Seção I Da Educação

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III. pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V. valorização dos profissionais do ensino, garantindo, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;
VI. gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII. garantia    de padrão de qualidade.

Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.

Texto 3

Poliacrilatos e polimetacrilatos

A história de laboratório dos monômeros acrílicos começou em 1843, quando da primeira síntese do ácido acrílico.
A isto seguiu-se em 1865 a preparação do etil-metacrilato, por Frankland e Duppa, enquanto que em 1877 Fittig e Paul notavam que ele possuía uma certa tendência para polimerizar. Por volta de 1900, a maioria dos acrilatos mais comuns havia sido preparada em laboratório e ao mesmo tempo já existiam alguns trabalhos sobre a sua polimerização. Em 1901, o Dr. Rohm, na Alemanha, começou um estudo sistemático no campo dos acrílicos e mais tarde tomou parte ativa no desenvolvimento industrial dos polímeros do éster acrílico naquele país. O polimetilacrilato foi o primeiro polímero acrílico produzido industrialmente (por Rohm e Haas, em 1927). Foi vendido como uma solução do polímero em solvente orgânico e foi usado principalmente em laças e formulações para revestimentos superficiais. Mais tarde, Rowland Hill (da I.C.I.) estudou o metílmetacrilato e sua polimerização em profundidade, enquanto que Crawford (também da I.C.I.) desenvolveu um método econômico para a fabricação do monômero.

BRISTON, J. H. & MILES, D. C. Tecnologia dos polímeros. São Paulo: Polígono/Edusp, 1975.

  1. A forma de língua portuguesa apresentada no texto 1 nos remete a que tipo de realidade? Comente.
  2. O texto 2 é uma poética, ou seja, é um texto que expõe as propostas criativas de um poeta. Na sua opinião, a forma de língua pela qual o artista optou e a temática de sua poesia se harmonizam? Por quê?
  3. Observe, ainda no texto 1, as formas fio, mio, paioça (correspondentes, na língua-padrão, a filho, milho e palhoça, respectivamente) ou os plurais "das mata", "das brenha", "das roça e dos eito", "dos home" e outros. As diferenças entre essas formas e aquelas da língua-padrão são sistemáticas, ou seja, seguem determinados padrões. Observe e comente.
  4. A que grupo social pertencem as pessoas que utilizaram a forma de língua portuguesa do texto 2? Por que usaram essa forma de língua?
  5. Que tipo de conhecimento é necessário para a perfeita compreensão do texto 3? Que forma de língua é aí apresentada?
  6. Que fatores estão na origem destas três variantes da língua portuguesa?

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2 Comentários

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    Se puder, faça-me uma visita.
    Abraços!
    Professora Graça Lacerda
    Português e Literatura

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