Proposta de redação sobre Direitos da criança e do adolescente

Como enfrentar o desafio nacional de garantir os direitos da criança e do adolescente? Esta foi a pergunta feita na proposta de redação do ENEM de 2000. Tenho postado  atividades que desenvolvem o senso crítico aqui no blog e o retorno por parte de educadores e alunos tem sido ótimo. Muitos chegam até aqui procurando propostas de redação críticas, outros vêm atrás de exercícios de gramática com gabarito e, principalmente, atrás de exercícios de interpretação de textos com gabaritos comentados. De minha parte, é isso que continuarão a encontrar. Posts de qualidade e ajuda mais que presente nesses momentos de nervosismo que antecedem o vestibular. Vamos à proposta dessa semana.

ENEM 2000

enem 2000_direitos_da_crianca

"É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, crueldade e opressão".

Artigo 227, Constituição da República Federativa do Brasil.

(...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves com Rua José Teixeira Praia do Canto, área nobre de Vitória. A.J., 13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar algum trocado vendendo balas para os motoristas. (...)
"Venho para as ruas desde os 12 anos. Não gosto de trabalhar aqui, mas não tem outro jeito. Quero ser mecânico".

A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.

Entender a infância marginal significa entender porque (sic) um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre um país desenvolvido e
um país de Terceiro Mundo.

Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo, Ática, 2000. 19ª edição.

Com base na leitura da charge, do artigo da Constituição, do depoimento de A.J. e do trecho do livro O cidadão de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional?

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas para a solução do problema discutido em seu texto.

Observações:

  • Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da língua.
  • Espera-se que o seu texto tenha mais do que 15 (quinze) linhas.
  • A redação deverá ser apresentada a tinta na cor preta e desenvolvida na folha própria. Você poderá utilizar a última folha deste Caderno de Questões para rascunho.

 

ANÁLISE DA PROPOSTA

A charge de Angeli contém uma ironia amarga que desnuda a realidade das crianças de rua: a mãe delas passa a existir no imaginário assim como o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa, modelos considerados positivos pela sociedade, que contribuem com alegria e felicidade para a formação dos jovens. A inexistência da mãe decorre de uma realidade cruel, aniquiladora da infância. Sem pais, não há família: o lar é substituído pela rua e todas as suas mazelas.

Essa realidade se choca com o ideal preconizado pelo artigo 227 da Constituição: na rua, não se está a salvo de nada.

No depoimento de A.J., novamente a rua acolhe um menor para que ele possa "trabalhar". A frase "mas não tem outro jeito", aponta para a falta de opções, de perspectivas: os sentimentos da criança não contam ("não gosto", "quero ser"), pois a dura realidade impera. Com a idade de 13 anos (há um ano na rua), esse menor deveria estar frequentando uma escola.

Entender essa realidade é a preocupação básica do texto de Gilberto Dimenstein, em que a comparação de um menino de rua com um menino protegido pelo carro revela, metonimicamente, a diferença entre um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo: uma sociedade civilizada cria condições para que seus menores vão à escola.

Esses textos, comparados com o artigo 227 da Constituição, explicitam o grande paradoxo entre a Lei, em sua instância máxima, e a realidade. Há um descompasso entre elas que constitui o "desafio nacional" a ser enfrentado pela sociedade e os seus representantes nas esferas do poder.

A associação dos textos fornece elementos suficientes para contextualizar o problema enfocado pelo tema. Entre as possíveis sugestões para enfrentar o desafio nacional em questão, os candidatos poderiam apresentar as seguintes:

•   Política social que viabiliza a concretização dos direitos da criança e do adolescente, estabelecidos pela Constituição e pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Ou seja, uma política social que lhes ofereça assistência para viverem com dignidade, confiantes e inseridos na sociedade: moradia ou abrigo, saúde, educação e lazer.
•   Afastamento das crianças e adolescentes da convivência diária nas ruas. Criação de casas-lares que os abriguem e prestem assistência médica, psicológica, pedagógica e profissionalizante. Unidades que — diferentemente do modelo atual de reformatório, como a FEBEM — reúnam número limitado de menores, agrupados por faixa etária.
•   Maior envolvimento de ONGs e iniciativa privada dos diversos setores sociais, oferecendo colaboração para a manutenção de casas/lares, auxílio à profissionalização e estágios para adolescentes.
•   Orientação, programada e sistemática, por parte das comunidades — escolas, meios de comunicação, igrejas, agremiações —, sobre assuntos concernentes ao cotidiano dos jovens, tais como: higiene, drogas (lícitas e ilícitas), violência, comportamento sexual (DSTs e gravidez precoce), alimentação, meio ambiente, necessidade x consumo, etc.
•   Escolas, principalmente as públicas, mais atuantes, que estimulem o aprendizado e a troca de conhecimentos, por meio de projetos culturais (leitura, artes, esportes) e oficinas de profissionalização, envolvendo as famílias.

 

Baixe a versão “doc” deste texto visitando nosso blog de download de atividades práticas. Clique na imagem abaixo e vá até lá.

analise_de_textos_home

Postar um comentário

1 Comentários

  1. eu acho q os governadores politicos deveriam dar uma pensada e ajudar um pouco nisso dai pq o brasil esta precisando de uma ajuda para as crianças necessitadas ne verdade pessoal

    ResponderExcluir