Oralidade e escrita no Enem

No artigo de hoje retomamos as atividades aqui no blog. Foi um grande hiato que culminou com o início de um projeto bastante ambicioso na área da Educação, o site Mais Educativo. Este é um projeto que não quer apenas se limitar à Língua Portuguesa. Para isso temos aqui o site Análise de Textos. Naquele projeto abordaremos as principais disciplinas que ajudam o estudante a entrar numa universidade. Além de focar no Enem, temos uma variedade enorme de jogos para entretenimento e também artigos que abordam assuntos da atualidade, saúde, beleza e também comportamento. Visite o site, siga-o nas redes sociais e vamos junto para mais um ano de atividades.

Como a oralidade e a escrita são cobradas na prova do Enem?

Exercícios: Linguagem oral e escrita

Abaixo você vai encontrar seis exercícios envolvendo as diferenças entre a linguagem oral e escrita. São exercícios com gabarito para facilitar a vida daqueles que não têm tempo e, talvez, chance de assistir às aulas de Língua Portuguesa presencialmente. Caso queira ver mais alguns exercícios sobre linguagem, acesse este link do novo projeto educacional.

1.   Qual a relação existente entre os textos 1 e 2 transcritos a seguir e as considerações feitas até aqui sobre a escrita e a leitura na vida das pessoas em uma sociedade letrada?

Texto 1
Os brasileiros vão enfrentar no mercado de trabalho uma crescente concorrência vinda de fora. As empresas que estão indo para o Brasil estão levando junto um grau de cobrança com o qual a maioria dos brasileiros jovens não está acostumada, inglês, matemática, computador são o bê-a-bá. Os jovens profissionais têm de, além disso, tentar aprender a se comunicar por escrito de modo claro e lógico.
ALCÂNTARA, Eurípedes. Veja. São Paulo: Abril, 11 dez. 1996. (Fragmento).

Texto 2
Representantes dos 26 milhões de analfabetos do País, muitos reprovados [candidatos a vereador submetidos a uma prova de português por um juiz eleitoral na cidade de Registro/SP] já atuam como vereadores há bastante tempo, aprovando e rejeitando leis sem sequer saber o que elas significam exatamente ou no que vão interferir na vida dos habitantes de uma cidade. "O fato de não saber ler, de não compreender o que está lendo ou não interpretar direito uma lei leva a uma série de situações absurdas que encontramos nas legislações municipais", afirma o juiz Caramuru Afonso Francisco [...] que reprovou oito dos 36 candidatos que chamou para exame.
OLIVEIRA, Malu de. IstoÉ. São Paulo: Três. (Fragmento).

» Leia o texto a seguir e responda às questões de 2 a 6.

A regreção da redassão

Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever.
— Mas, minha senhora — desculpei-me —, eu não sou professor.
— Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito.
— A culpa não é deles. A falha é do ensino.
—  Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
— Obrigado — agradeci —, mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
— Não faz mal — insistiu —, o senhor vem e traz o revisor.
—  Não dá, minha senhora — tornei a me desculpar —, eu não tenho o menor jeito com crianças.
— E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos.
Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: "Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever". No dia seguinte, ouvi de outro educador: "O estudante brasileiro não sabe escrever". Depois li no jornal as declarações de um diretor da faculdade: "O estudante brasileiro escreve muito mal". Impressionado, saí à procura de outros educadores. Todos me disseram: acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever. Passei a observar e notei que já não se escreve mais como antigamente. Ninguém mais faz diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore.
— Quer dizer — disse a um amigo enquanto íamos pela rua — que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos.
— Engano seu — disse ele. — A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão.
—  Por quê? — espantei-me. — Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver.
— E você sabe por que essa geração não sabe escrever?
— Sei lá — dei com os ombros —, vai ver que é porque não pega direito no lápis.
— Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o hábito da leitura. E quando o perder completamente, você vai escrever para quem?
Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar num açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece hoje bilhete de loteria:
— Por favor, amigo, leia — disse, puxando um cidadão pelo paletó.
— Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é bula de remédio.
— E a senhorita não quer ler? — perguntei, acompanhando os passos de uma universitária. — A senhorita vai gostar. É um texto curioso.
— O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador.
—  E o senhor, não está interessado nuns textos?
—  É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro?
—  E o senhor, vai? Leva três e paga um.
—  Deixa eu ver o tamanho — pediu ele. Assustou-se com o tamanho do texto:
— O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo em cinco linhas?
NOVAES, Carlos Eduardo. A cadeira do dentista e outras crônicas. 7. ed. São Paulo: Ática , 2001.(Para gostar de ler, v. 15).

2.    O autor do texto acima surpreende-se com o fato de várias pessoas afirmarem que "o estudante brasileiro não sabe escrever". Como pode ser entendida essa afirmação e de que maneira está relacionada à leitura?

3.   O título sugere que o problema da escrita pode ser atribuído à dificuldade, demonstrada por muitos falantes, com um aspecto específico da representação escrita da língua.
►  Que aspecto é esse?
►  O que, no título, permite identificá-lo?
►  É possível atribuir apenas a esse aspecto a dificuldade que os jovens demonstram ter em relação à escrita?

4.    O autor afirma que, pelo fato de as pessoas não saberem escrever, seu emprego estaria garantido. Por que ele chega a essa conclusão?

5.  Qual o equívoco, apontado pelo amigo, do raciocínio do escritor?

6.   Concordando com o amigo, o escritor passa a imaginar situações que confirmem essa perspectiva.
►  Quais são elas?
►  Tais perspectivas podem, de fato, vir a se concretizar? Há, na realidade, algo que confirme essas possibilidades?

Gabarito dos exercícios

1.   Os dois textos apontam para uma mesma conclusão: a competência em leitura e escrita é fundamental para que o indivíduo tenha boas oportunidades profissionais e para que, como cidadão, possa participar de modo crítico da discussão de questões cruciais para a comunidade em que vive.

2.    A afirmação faz referência ao fato de os estudantes estarem escrevendo mal, isto é, não expressarem de maneira adequada as suas ideias por meio da escrita. O fator determinante dessa dificuldade de representação do pensamento por meio da escrita seria o desapego à leitura por parte dos jovens brasileiros.

3.   Ortografia
►  A grafia incorreta de "regreção" e "redassão".
►  O autor parece querer insinuar que o único aspecto responsável pela dificuldade dos jovens é a ortografia. mas não é possível chegar a essa conclusão, uma vez que a mera representação gráfica não é o aspecto mais importante a ser considerado. mais importante que isso no processo da escrita é a articulação das ideias.

4.    Porque, segundo ele, quanto menos gente souber escrever, menor será a concorrência para ele, um escritor.

5.  Ele não percebe que a dificuldade dos jovens com a escrita deve-se ao desapego à leitura. Portanto, na realidade, a sua profissão estará ameaçada, num futuro próximo, já que não haverá leitores para os seus textos.

6.    ► O escritor passa a imaginar que utilidades um jornal passaria a ter (embrulhar carne, fazer
barquinhos, fogueira, forrar sapato furado, substituir o papel higiênico em casos de emergência). mas a perspectiva mais aterradora seria a de ele próprio oferecer seus textos a pessoas que não o leriam por motivos variados: só leem o estritamente necessário, preferem gravações ou resumos.
►  Talvez não com o exagero apresentado pelo autor do texto. De fato, as pessoas, hoje em dia, parecem dar preferência a outros meios, como a televisão, para a aquisição de informações com maior rapidez. A leitura, para muitos, é sinônimo de obrigação ou desprazer e não é vista como meio para a compreensão e construção do mundo.

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