Exercícios com textos dissertativos

Os exercícios de hoje fazem parte de um esforço em ajudar alguns leitores que me escreveram em resposta à última newsletter na qual enviei um mapa mental sobre resenha que uso em minhas aulas. Muitos têm sido os contatos pedinco mais exercícios de redação, interpretação de texto e que não sejam exercícios de múltipla escolha. Este tem sido também um recuurso que tenho usad bastante nos meus terceiros anos. Ao fazer exercícios dissertativos, acabamos treinando também para a redação. Memso sendo gêneros textuais diferentes, escreve melhor quem escreve mais. Ou será que estou enganado?

Vamos lá então. Adaptei alguns textos e perguntas que usei nas aulas desta semana e espero que seja útil para vocês.

Exercícios com textos dissertativos

gabarito-dos-exercicios

Textos para os exercícios de 1 a 3

Texto 1

ONGs contra marcas

Presença agora inevitável nos foros econômicos internacionais, as ONGs (organizações não-governamentais) vêm desde o final dos anos 80 acumulando forças em várias áreas: ambientalismo, defesa dos direitos humanos, rejeição ao sistema financeiro internacional.
No entanto, ainda predominam nas fileiras oposicionistas a dispersão de bandeiras e a multiplicidade das correntes ideológicas. Há de anarquistas a sindicalistas, passando por empresários nacionalistas e românticos radicais, correntes ideológicas de esquerda e de direita.
A própria força do establishment, material e em termos de ideias, é incomparavelmente maior que a ação direta dos que protestam às portas dos eventos em que se reúnem as lideranças políticas e financeiras internacionais.
Mesmo assim, as formulações dos críticos passam por uma gradual transformação. Um exemplo surge na entrevista dada à Folha por uma das principais ativistas do movimento antiglobalização, a jornalista canadense Naomi Klein.
Para ela, "o mundo está sendo dominado pelas marcas". Neta de um funcionário dos estúdios Disney demitido ao tentar sindicalizar os animadores do filme "Fantasia", ela mesma parece simbolizar a insurgência de realidades sociais e econômicas perversas ocultas pelo glamour do consumismo global.
É difícil imaginar que explorados e oprimidos se levantem numa revolta contra as marcas. A escolha desse alvo, no entanto, já é uma tentativa de dirigir a insatisfação política e a frustração social contra objetivos mais abstratos, contra símbolos mais universais do poder econômico.
Talvez seja um estado preliminar de um processo mais consistente de crítica. Mas, para superar a guerrilha ideológica local e a mobilização por temas específicos, seria preciso não apenas ter um inimigo comum, mas oferecer alternativas, o que talvez esteja além da capacidade e mesmo da identidade de muitos desses grupos.

Folha de S. Paulo, Editorial, 13/9/2000.

Texto 2

Universidade virtual

Muitos autores já compararam a Internet à revolução da imprensa, no século 15, possibilitada pelos tipos móveis de Johannes Guten-Derg. É sempre difícil, estando no meio de um processo, avaliar com propriedade o seu impacto futuro, mas a analogia parece proceder.
Embora a máquina desenvolvida pelo inventor alemão não tenha alterado a escrita propriamente dita, permitiu-lhe uma difusão antes nem mesmo imaginada. Julgando a posteriori, é fácil afirmar que os tipos mudaram o curso da história.
Da mesma forma que a imprensa dispensava o trabalho do copista, a Internet, aliada a outros avanços tecnológicos, elimina barreiras físicas e geográficas à divulgação do conhecimento. Uma das repercussões evidentes é sobre educação.
Assim, é correta a aposta do governo federal na educação a distância. O efeito multiplicador da rede não pode ser desprezado. É portanto boa notícia a criação da universidade virtual, visando atingir 600 mil professores do ensino básico sem formação acadêmica. Parece exagerada a meta de matricular 100 mil nos próximos dois anos, mas o princípio é mais importante do que os números.
Vale ressaltar que as novas tecnologias de comunicação não substituem as formas mais tradicionais de ensino. Da mesma forma que o livro pós-gutenberguiano não aposentou o mestre, a possibilidade de transmitir aulas e informações a distância não torna de modo algum a presença local do professor dispensável.
A iniciativa da universidade virtual é boa, mas, da mesma forma que um mau livro pode ter consequências desastrosas, erros na implantação desse projeto podem multiplicar problemas. Um dos riscos é acabar transformando a educação à distância, uma ferramenta de ensino, em um fim em si mesmo. O resultado seria a construção de uma universidade, virtual sim, mas em outro sentido: que eleva os índices de titulação do brasileiro, mantendo mais ou menos inalterada a sua formação.

Folha de S. Paulo, Editorial, 25/8/2000.

Texto 3

Pesadelo sinistro

O pesadelo daqueles que estudam questões éticas em processos biológicos está prestes a tornar-se realidade. O Reino Unido está autorizando companhias de seguro de saúde a exigir de seus associados a realização de testes genéticos para a detecção de doenças.
O Comitê de Genética e Seguros aprovou a utilização do teste para a doença de Huntington, um distúrbio cerebral degenerativo de origem genética. A moléstia, que costuma manifestar-se por volta dos 40 ou 50 anos, é incapacitante e não tem cura. Sua frequência é de 10 para 100 mil habitantes, mas um filho de pessoa acometida peio mal tem 50% de chances de herdar o gene anormal.
O teste genético é confiável, mas os médicos só o recomendam quando surgem os primeiros sintomas, para afastar a possibilidade de outras patologias. Descobrir aos 20 que aos 40 alguém sofrerá de uma doença terrível e não há nada que possa ser feito significa 20 anos de angústias.
O comitê estuda a aprovação de outros testes genéticos para o câncer de mama e o Mal de Alzheimer. As autoridades britânicas argumentam que as companhias de seguro já procuram saber se existe histórico de Huntington na família de clientes e que o teste pouparia 50% dos que têm antecedentes familiares de pagar prêmios maiores. Frisam ainda que ninguém seria obrigado a fazer o teste, mas, havendo recusa, a companhia poderia rejeitar a cobertura ou exigir um agravo financeiro, o que torna ridículo falar em não-obrigatoriedade.
A decisão britânica, que obviamente poderá ser adotada em outras partes do mundo, configura uma invasão à privacidade genética de cada um. Agora, na era pós-genômica, vão multiplicar-se os testes para dezenas de males. Os diagnósticos virão antes das terapias. No limite, toda a humanidade será suspeita.
O princípio de contratar um seguro é o da divisão de custos para o caso de ocorrer um sinistro. Restringir proteção aos que estão mais propensos a sofrer de uma doença qualquer é excluir de forma discriminatória uma parcela da população. Lança sobre os valores éticos e humanitários uma névoa sinistra.

Folha de S. Paulo, Editorial, 16/10/2000.

1.  Qual é o assunto de cada texto? Transcreva o trecho-síntese que o justifique.
2.  Qual é o tema de cada texto? Transcreva o trecho-síntese que o justifique.
3.  Qual é o ponto de vista que o enunciador defende em cada texto? Transcreva o trecho-síntese que o justifique.

Textos para o exercício 4

Texto 1

Eternidade

Freud, o sábio do século no estudo da mente humana, escreveu que passeava, após a primeira Guerra Mundial, com um amigo poeta e que este, amargurado, lhe falava da tristeza de ver tudo destruído.
O poeta sofria com a morte de pessoas queridas, com o desaparecimento de belos monumentos e lamentava que as coisas belas e o amor não fossem eternos. O descobridor do inconsciente respondeu que a eternidade era uma ilusão criada por nossa mente, para nos confortar diante da perda e da fragilidade humana. Disse que tudo o que amamos e perdemos continua eterno, mas em nosso pensamento. Completou, dizendo que a beleza da vida estava na transitoriedade e na renovação. Precisamos desfrutar o momento, amá-lo intensamente, mesmo sabendo que não será eterno.
Talvez, a ausência e a separação sejam a condição para que o amor se torne eterno.

Tostão. Folha de S. Paulo, 25/10/2000.

Texto 2

Em qualquer trabalho físico, até o mais mecânico e degradado, existe um mínimo de atividade intelectual criadora.
Todos os homens são intelectuais — pode-se dizer; mas nem todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais. Não se pode separar o homo faber do homo sapiens.
Todo homem, fora de sua profissão, exerce alguma atividade intelectual, é um "filósofo", um artista, um homem de gosto, participa de uma concepção de mundo, tem uma linha de conduta moral: contribui para manter ou modificar uma concepção do mundo, isto é, para suscitar novos modos de pensar.

Antônio Gramsci. Os intelectuais e a organização da cultura.

4.  Considerando-se que a dissertação clássica é aquela que se divide em três partes: a Introdução, em que se apresenta um ponto de vista; o Desenvolvimento, em que se argumenta, fundamentando a opinião dada; e a Conclusão, o fecho do texto, que se caracteriza pela reafirmação do que já foi dito e devidamente comprovado, qual dos dois textos lidos melhor ilustra este modelo? Justifique sua resposta.

Gabarito dos exercícios com textos dissertativos

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