Realismo/Naturalismo e dois exercícios

No artigo de hoje veremos alguns exercícios sobre o Realismo/Naturalismo. Este tem sido o tema que tenho discutido com os alunos em sala de aula na última semana e achei pertinente trazer pra cá alguns desses testos. vejam, por exemplo, que o exercício sobre Realismo/Naturalismo abaixo traz dois trechos bastante significativos do período.

Texto 1

Premia-me a força das cousas; senti-me acovardado. Perdeu-se a lição viril de Rabelo: prescindir de protetores. Eu desejei um protetor, alguém que me valesse, naquele meio hostil e desconheci­do, e um valimento direto mais forte do que palavras.
Se não houvesse olvidado as práticas, como a assistência pes­soal do Rabelo eu notaria talvez que pouco a pouco me ia invadin­do como ele observara a efeminação mórbida das escolas. (...) E, como se a alma das crianças, à maneira do físico, esperasse real­mente pelos dias para caracterizar em definitiva a conformação se­xual do indivíduo, sentia-me possuído de certa necessidade pregui­çosa de amparo, volúpia de fraqueza em rigor imprópria do caráter masculino. - Raul Pompéia. O Ateneu.

Texto 2

E o pequeno, submisso e covarde, foi desabotoando a camisa de flanela, depois as calças, em pé, colocando a roupa sobre a cama, peça por peça.
Estava satisfeita a vontade de Bom-Crioulo. Aleixo surgia-lhe agora em plena e exuberante nudez, muito alvo, as formas roliças de calipígio ressaltando na meia sombra voluptuosa do aposento, na penumbra acariciadora daquele ignorado e impudico santuários de paixões inconfessáveis... Belo modelo de efebo que a Grécia de Vénus talvez imortalizasse em estrofes de ouro límpido e está­tuas duma escultura sensual e pujante. Sodoma ressurgia agora numa triste e desolada baiúca da Rua da Misericórdia, onde àquela hora tudo permanecia numa doce quietação de ermo longínquo.
— Veja logo... murmurou o pequeno firmando-se nos pés.
Bom-Crioulo ficou extático! A brancura láctea e maciça daque­la carne tenra punha-lhe frémitos no corpo, abalando-o nervosamen­te de um modo estranho, excitando-o como uma bebida forte, atraindo-o, alvoroçando-lhe o coração. Nunca vira formas de homem tão bem torneadas, braços assim, quadris rijos e carnudos como aqueles... Faltavam-lhe os seios para que Aleixo fosse uma verda­deira mulher!... Que beleza de pescoço, que delícia de ombros, que desespero!... - Adolfo Caminha. Bom-Crioulo.

1. Qual o componente temático comum aos dois textos?

2. A situação de Sérgio, em O Ateneu, é a mesma que Aleixo, no romance Bom-Crioulo?

Postar um comentário

1 Comentários