Revisão e exercícios sobre Pronomes Pessoais

Depois de termos, nos últimos artigos, revisado conceitos como o de oração, predicação verbal, complementos verbais e até um pouco de análise sintática por meio de exercícios, hoje vamos conhecer alguns conceitos sobre complementos verbais que, por sua dificuldade, pouco são abordados em sala de aula. Peço a máxima atenção para você, aluno, para que faça com cuidado os exercícios. Se você é professor, considere revisar antes os exercícios e adequados às suas turmas. É a melhor forma de fazer um trabalho eficiente e realmente ensinar o Português.

OS PRONOMES PESSOAIS E A FUNÇÃO DE OBJETO DIRETO E INDIRETO

Pronomes Pessoais são conectivos usados para substituírem substantivos. Em exames públicos e vestibulares é comum o emprego acentuado de pronomes em textos. O uso de pronomes possibilita questões de semântica, de emprego e de colocação pronominal. Vejamos:

Leia o texto que segue para responder às questões 01 e 02:

---->> Antes de ler, saiba que este exercício é uma adaptação que fiz de um outro que apliquei em meus alunos. Lá, numerei as linhas para facilitar a busca das respostas, mas aqui, por questões de formatação da postagem, não daria muito trabalho e o resultado não seria o melhor. Por isso, você pode até considerar as linhas como mostradas no exercício, mas não leve isso a ferro e fogo. Dito isto, vamos à leitura. 

A rotina e a quimera

Sempre se falou mal de funcionários, inclusive dos que passam a hora do expediente escrevinhando literatura. Não sei se esse tipo de burocrata-escritor existe ainda. A racionalização do serviço público, ou o esforço por essa racionalização, trouxe modificações sensíveis ao ambiente de nossas repartições, e é de crer que as vocações literárias manifestadas à sombra de processos se hajam ressentido desses novos métodos de trabalho. Sem embargo, não se terão estiolado de todo, tão forte é, no escritor, a necessidade de exprimir-se, dentro da rotina que lhe é imposta. Se não escrever no espaço de tempo destinado à produção de ofícios, escreverá na hora do sono ou da comida, escreverá debaixo do chuveiro, na fila, ao sol, escreverá até sem papel – no interior do próprio cérebro, como os poetas prisioneiros da última guerra, que voltaram ao soneto como uma forma que por si mesma se grava na memória.

E por que se maldizia tanto o literato-funcionário? Porque desperdiçava os minutos do seu dia, reservado aos interesses da Nação, no trato de quimeras pessoais. A Nação pagava-lhe para estudar papéis obscuros e emaranhados, ordenar casos difíceis, promover medidas úteis, ouvir com benignidade as “partes”. Em vez disso, nosso poeta afinava a lira, nosso romancista convocava suas personagens, e toca a povoar o papel da repartição com palavras, figuras e abstrações que em nada adiantam à sorte do público.

É bem verdade que esse público, logo em seguida, ia consolar-se de suas penas na trova do poeta ou no mundo imaginado pelo ficcionista. Mas, sem gratidão especial ao autor, ou talvez separando neste o artista do rond-de-cuir, para estimar o primeiro sem reabilitar o segundo.

O certo é que um e outro são inseparáveis, ou antes, este determina aquele. O emprego do Estado concede com que viver, de ordinário sem folga, e essa é condição ideal para bom número de espíritos: certa mediania que elimina os cuidados imediatos, porém não abre perspectiva de ócio absoluto. O indivíduo tem apenas a calma necessária para refletir na mediocridade de uma vida que não conhece a fome nem o fausto; sente o peso dos regulamentos, que lhe compete observar ou fazer observar; o papel barra-lhe a vista dos objetos naturais, como uma cortina parda. É então que intervém a imaginação criadora, para fazer desse papel precisamente o veículo de fuga, sorte de tapete mágico, em que o funcionário embarca, arrebatando consigo a doce ou amarga invenção, que irá maravilhar outros indivíduos, igualmente prisioneiros de outras rotinas, por este vasto mundo de obrigações não escolhidas. (...)

Carlos Drummond de Andrade. Passeios na ilha. In: Poesia completa e prosa Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 841.

 

QUESTÃO 01

Julgue os itens a seguir.

1- No fragmento “que voltaram ao soneto” (linha.7), o vocábulo “que “ tem como referente “última guerra” (linha.7).

2- Em “A Nação pagava-lhe para estudar papéis” (linha.10), o vocábulo “lhe” tem como referente “o literato-funcionário” (linha.9).

3- Em “ouvir com benignidade as ‘partes’ “(linha.11), o vocábulo “partes” tem como referente “quimeras pessoais”( linha.10).

4- O vocábulos “primeiro” (linha.16) e “segundo” (linha.16) tem como referentes “poeta” (linha.14) e “ficcionista” (linha.15), respectivamente.

5- O vocábulos “este” e “aquele” (linha.17) tem como referentes “rond-de-cuir” (linha.15) e “artista” (linha.15), respectivamente.

QUESTÃO 02

Quanto à correção da substituição do fragmento sublinhado por pronome, apresentada no trecho em negrito, julgue os seguintes itens.

1- “A racionalização do serviço público (...) trouxe modificações sensíveis ao ambiente de nossas repartições” (linha.2-3) / A racionalização do serviço público ( ...) trouxe-lhas

2- “Porque desperdiçava os minutos do seu dia, reservado aos interesses da Nação, no trato de quimeras pessoais” (linha.9-10) / Porque os desperdiçava no trato de quimeras pessoais

3- “e toca a povoar o papel da repartição com palavras”(linha.12) / e toca a povoá-lo com palavras

4- “É bem verdade que esse público, logo em seguida, ia consolar-se de suas penas na trova do poeta” (linha.14) / É bem verdade que esse público, logo em seguida, ia consolar-se delas na trova do poeta

5- “sente o peso dos regulamentos, que lhe compete observar ou fazer observar” (linha.20-21) / sente-lhe o peso

RESPOSTA:

1: E C E E C

2: C C C C E

Você gostaria de fazer um curso de Língua Portuguesa na comodidade de seu lar. Preste bastante atenção ao que vou lhes apresentar nas linhas abaixo, mas não desgrude os olhos do artigo, pois ainda veremos mais sobre Língua Portuguesa e tenho alguns conceitos sobre objeto direto interno e objetos pleonásticos.

O Curso 24 horas já firmou-se no mercado como excelente opção para quem quer / precisa / precisa desesperadamente atualizar-se para competir num mercado de trabalho cada vez mais predador. Neste aspecto, todos queremos alavancar a carreira profissional ou mesmo conseguir passar num emprego público que, desde os tempos imemoriais, é a opção mais segura para quem deseja a estabilidade tão em falta nos nossos dias. Como este é um blog de Língua Portuguesa frequentado por pais preocupados com a educação de seus filhos, professores em busca de material para melhorarem suas aulas e também profissionais liberais em busca de melhor colocação profissional, selecionei alguns cursos que podem ser de interesse de vocês.

Bem, agora que fiz minha parte de oferecer mais opções para que você melhore sua carreira profissional, voltemos ao assunto de que tratávamos. Lembram-se de que eu disse que mostraria o que é objeto direto interno e também objeto pleonástico? Siga a leitura.

Enquanto os pronomes pessoais do caso reto, geralmente, exercem a função de sujeito, os pronomes pessoais do caso oblíquo funcionam como complementos verbais. Os pronomes oblíquos o / a / os / as / me / te / se / nos / vos podem funcionar como objeto direto. Porém, o pronome “lhe(s)” funciona como objeto indireto. Os pronomes em negrito também podem exercer a função de objeto indireto, dependendo da regência do verbo.

a) Encontrei-as ao passar pela esquina. [ objeto direto ]

b) Vi-os preocupados. [ objeto direto ]

c) Não lhe disseram a verdade. [ objeto indireto ]

d) Obedeço-te. [ objeto indireto ]

e) Vi-te. [ objeto direto ]

f) Deu-se ares de imponente. [ objeto indireto ]

g) Ele feriu-se. [ objeto direto ]

h) Vi o rapaz que saiu cedo. [ Vi-o ] * O pronome em negrito no colchete representa o termo grifado.

i) Ofereci o livro ao amigo. [ Ofereci-o ao amigo ]

j) Ofereci o livro ao amigo. [ Ofereci-lhe o livro ]

k) Ofereci o livro ao amigo. [ Ofereci-lho ] * O pronome em negrito representa os termos grifados

 

O que é OBJETO DIRETO INTERNO?

Denominação dada ao complemento representado por uma palavra que possui o mesmo radical do verbo ou apresenta a mesma característica significativa:

a) Morreu morte natural.

* A espontaneidade do verbo MORRER é ser intransitiva. Todavia, por termos empregado o substantivo “morte” – que traz a idéia já contida na palavra verbal – o verbo MORRER deixa de ser intransitivo e, de fato, passa a ser transitivo direto. Todas as vezes que um verbo intransitivo apresentar um substantivo que expresse a idéia que o próprio verbo já comunique, não teremos mais uma intransitividade, mas uma transitividade direta, constituindo um pleonasmo na estrutura sintática do período.

b) Dormiu o sono dos justos e corajosos.

c) Chorava lágrimas de felicidade.

d) Ventava o vento da morte.

 

O que é OBJETO DIRETO e OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICOS

É a dupla ocorrência da função sintática dos complementos verbais na mesma oração, a fim de enfatizar o significado do termo em referência.

a) As crianças, amo-as bastante.

* O segundo termo em negrito é o pleonasmo. Temos um objeto direto pleonástico, pois o pronome oblíquo representa “As crianças” – que já exerce a função de objeto direto. O pleonasmo é usado para destacar o objeto direto que o emissor usara.

b) Ao pobre, não lhe devo.

c) Ao comerciante, paguei-lhe a dívida.

d) Ao diretor a quem me referi, à semana passada, dei-lhe as devidas atenções.

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