Proposta de redação – viver sozinho é bom?

Olá pessoal, nesta semana falaremos sobre algo que vai, de certa forma, na contramão do que vemos atualmente. Numa época em que as redes sociais expõem as pessoas de forma excessiva, falaremos sobre a necessidade de isolamento. Bom trabalho.

COLETÂNEA

Texto 1

Eu prefiro a solidão dos livros ao contato com as pessoas. As relações hu­manas são sempre complicadas, não importa se com homens ou com mulheres. Sei que é desagradável dizer, mas eu prefiro os livros às pessoas.

(Paulo Francis)

Texto 2

Minha ilha (e só de imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver, uma fuga relativa, e uma não estouvada confraternização.

(Carlos Drummond de Andrade)

Texto 3

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

Considerando-se que tema é a ideia principal disseminada no texto, os três fragmentos apresentados desenvolvem dois núcleos temáticos, não excludentes, mas complementares:

Conviver — uma difícil arte. Isolamento — um projeto de vida.

Texto 1

O enunciador pretere as pessoas, substituindo-as por livros. Declara-se solitário, mas acompanhado de livros. Faz opção pelo isolamento em face das complicadas relações humanas.

Texto 2

O eu procura relativizar o isolamento, necessário para se proteger, e o convívio social, não se colocar tão próximo nem tão distante dos homens.

Sábia opção: “Áurea mediocritas”, interpretada como a “virtude está no meio”.

Texto 3

O eu lírico sente-se impelido ao isolamento por julgar que a maioria das pessoas é medíocre, e por não conseguir trair a própria essência.

ANALISE DOS FRAGMENTOS

a) O homem pode isolar-se, vivendo independentemente, convivendo apenas com os livros, o que paradoxalmente é uma forma sofisticada de convivência: os homens filtrados pelos livros, as relações humanas mediadas pela linguagem.

b) Para os que buscam proteger a individualidade e usufruir das relações humanas, o convívio social é suportável, mantidas as devidas distâncias entre o eu e o mundo, embora para o consenso a convivência seja imprescindível.

c) A defesa do que se é implica a negação da convivência social no que ela tem de acordo tácito.

Você, aluno, poderá explorar as várias abordagens ou optar por uma delas, atentando, por respeito à coerência, às consequências que cada opção implica para o indivíduo.

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