Proposta de redação dissertativa – A busca da realização

A proposta abaixo foi tema de redação do MACKENZIE no ano 2000. Bons estudos, bom trabalho.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

Faça uma dissertação a tinta com, no máximo, vinte linhas, desenvolvendo um tema comum aos três textos abaixo.

Texto I
Quem menos sente a necessidade do amanhã, mais alegremente se prepara para a alegria do amanhã. Recordemos que o futuro não é nem nosso nem de todo não nosso, para não ter que esperá-lo como se estivesse por vir, nem para nos desesperarmos como se ele não viesse de modo algum. (Epicuro)

Texto 2
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero
(Manuel Bandeira)

Texto 3
Eu tenho tanta alegria adiada, abafada
Quem dera brincar
To me guardando
Pra quando o carnaval chegar
(Chico Buarque de Holanda)

ANALISE DA PROPOSTA

Da associação dos três textos, é possível depreender o tema:
0 futuro como possibilidade de realização dos desejos do indivíduo.

ANALISE DOS TEXTOS DA COLETÂNEA

Texto 1
Expressa uma parcela da filosofia epicurista: a moderação, que se traduz no suposto disfarce de que o indivíduo não deve esperar o futuro com ansiedade nem desespero.

Texto 2
A carência ('Tenho tudo que não quero / Não tenho nada que quero") de que se ressente o eu poético, no presente, é a ausência da amada. Assim, a vida (sem ela), na prova dos noves, resulta em zero. A alteração desse estado de ser só seria possível com o complemento (o amor da amada), asse¬gurado pelo futuro — ou não.

Texto 3
O eu se declara pleno de alegria, mas sufocado (pelo sistema?). Coloca-se ludicamente perante a vida ("Quem dera brincar"), mas algo, alheio a sua vontade, impede a realização de seus desejos. Resta-lhe o futuro, em que o "carnaval" (figurativização da alegria, da sensualidade, do prazer, da união popular...) delineia-se como a esperança redentora.

SUGESTÕES DE POSICIONAMENTO

Após a leitura crítico-analítica dos fragmentos, o aluno poderá defender um dos posicionamentos que seguem:
1. O presente se configura como o tempo das frustrações, da impossibilidade de realização dos desejos; logo, o futuro é o tempo utópico da felicidade, que deveria ser esperado com equilíbrio — postura que evitaria mais um sofrimento.
2. O presente é o tempo concreto que, num balanço de vida, é uma condensação de sofrimento. Resta ao homem, portanto, o futuro, que é desejado e pode ser esperado com a intensidade emocional de quem tudo perdeu ou nada pôde realizar.
3. Considerando-se que o futuro é utópico e que a ele é delegada a responsabilidade de realizar nossos desejos, é preciso investir no presente, pois sem ele o futuro não existe.

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