Poesia de Sylvia Beirute - Dor

DOR

incorpora os erros
que de ti saem e se transformam em ideias suspensas
levemente no lado esporádico da fraqueza
e da força de uni-las
vértebra por vértebra; tu és todas as frequências
que sentes, tens o rosto de um samuel beckett sensível
à tua sensibilidade, aprendeste a falhar
como forma de interpretação, como transformação
da matéria-segunda de perguntas e questões.
lê o teu corpo, lê as tuas palavras de aluguer,
reincorpora os erros que de ti saem;
usa a tua dor como marca de um mapa:
indicar-te-á em que beleza interior existes,
por que continuação te espraias.
e depois regressa e diz pedaço ou prozac ou nova
iorque, ou infinito azul de uma nuvem assimétrica.

Sylvia Beirute gosta de dizer que é natural de Faro (Algarve, Portugal) pois só conhece um significado para naturalidade. É tão abundantemente feliz que em si as correspondências entre sentimento e facto se não fixam, não acham orlas centrais, contextuais, e a sua transcendência se ausenta do pleno passado. É tão "you-should-catch-me" que a noção exacta da sua personalidade recomenda um conhecer abstracto sem tradução ou coisa exuberante, tão publicável enquanto arte - a arte enquanto pura sorte. É favorável ao Acordo Ortográfico, assumindo que tal se deve a mestres poetas brasileiros como Manoel de Barros, Nicolas Behr ou Paulo Leminski, que a fizeram tomar consciência da língua portuguesa enquanto unidade artística. Dizem-lhe que nasceu em 1984, numa noite escura e fria de Dezembro.

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