Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.

Cecília Meireles

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2 Comentários

  1. Oi! Também tenho uns blogs de português,literatura e redação. Venha me visitar e vamos trocar "cliques".
    Gostei bastante do teu blog e vou usar algumas interpretações nas minhas aulas.
    Espero que o meu te sirva também. Valeu!!!!
    Eneida

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  2. Olá, Eneida, olharei o seu blog sim. Quanto a usar o que posto aqui, fique à vontade, viu. Peço apenas que deixe meu link no seu post como forma de agradecimento. Se precisar de algo, me fale.

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