Tolerância - Exercício de interpretação de textos com gabarito comentado [20]

TEXTO XXXVII

TOLERÂNCIA

Quando o mundo se torna violento, buscamos uma explicação em que a compreensão se expresse em atos e palavras. Mas como explicar a tortura, o assassinato, a censura, o imperialismo ou o terrorismo, ferramentas favoritas dos repressores que querem evitar qualquer opinião divergente?
Histórias recentes da América Latina, da Europa e do Oriente Médio comprovam tais fatos: é o caso de Cuba de Castro, do Peru de Fujimori e dos radicalismos políticos, de triste memória, da Argentina e do Brasil; é a incompreensão de protestantes e católicos, na Irlanda; é a questão entre judeus e palestinos, que faz sangrar a Terra Santa. O fanatismo defensor de uma verdade aceita como única não é patrimônio exclusivo das ditaduras. Hoje os fundamentalismos religiosos, misturados a frustrações econômicas e sociais, são a expressão patológica de uma quebra de equilíbrio do universo. Como, então, enfrentá-los?
Não há melhor antídoto contra a conduta intolerante que a liberdade, conseqüência da pluralidade, que consiste em defender idéias próprias, mas aceitando que o outro possa ter razão. Precisamos reconhecer velhas verdades: a violência gera violência; todo poder é abusivo; o fanatismo é inimigo da razão; todas as vidas são preciosas; a 20 guerra jamais é gloriosa, exceto para os vencedores que crêem que Deus está ao lado dos grandes exércitos. A solidariedade e a tolerância democrática, inexistentes no nosso tempo, implicam uma revolução em nossas mentalidades e na aceitação do    que    percebemos    como    diferentes,    para    se configurar uma 25 sociedade multicultural. Esses são os desafios éticos que deveríamos enfrentar, sem a arrogância dos países desenvolvidos e sem a marginalização dos subdesenvolvidos, afundados na miséria e na fome. (Carlos Alberto Rabaça, em O Dia, 21 /11 / 01)

1) Para o autor, o maior problema do mundo atual é:
a) o fanatismo religioso 
b) as ditaduras 
c) a intolerância
d) a violência
e) a miséria

2) O autor faz alusão a problemas específicos de vários países. Aquele cujo problema é diferente do dos demais é:
a) Brasil 
b) Irlanda 
c) Argentina
d) Cuba
e) Peru

3) Com base nas idéias contidas no texto, pode-se afirmar que:
a) só as ditaduras aceitam uma verdade tida como única.
b) o fundamentalismo religioso não colabora com a queda do equilíbrio universal.
c) nada pode combater a intolerância de nossos dias.
d) tudo pode ser explicado, inclusive a intolerância.
e) o mundo atual não tem solidariedade e tolerância democrática.

4) Em sua função anafórica, o pronome relativo “que” (/. 16) refere-se no texto a:
a) antídoto
b) pluralidade
c) idéias
d) conduta
e) liberdade

5) Não são elementos antagônicos:
a) Brasil / Argentina
b) protestantes / católicos
c) judeus / palestinos
d) arrogância / marginalização
e) conduta intolerante / liberdade

6) “Expressão patológica” (l. 13) é expressão:
a) deturpada 
b) exagerada 
c) cotidiana
d) mórbida
e) sombria

7) Segundo o texto, ser livre é:
a) fazer o que se quer.
b) valorizar as suas idéias, em detrimento das dos outros.
c) ter suas idéias e admitir as dos outros.
d) viver intensamente.
e) não se preocupar com a intolerância do mundo. 

Gabarito comentado

1) Letra c
Todo o texto fala da intolerância entre os homens. Na realidade, o fanatismo, também abordado, é uma conseqüência da falta de tolerância. O trecho que melhor explica a preocupação do autor com a intolerância é o seguinte: “Não há melhor antídoto contra a conduta intolerante que a liberdade...” (/. 15/16)

2) Letra b
Essa questão pede conhecimentos extratexto. O problema do Brasil, da Argentina, de Cuba e do Peru é de ditadura. O problema da Irlanda, mais precisamente da Irlanda do Norte, é a luta separatista envolvendo católicos e protestantes.

3) Letra e
A resposta se encontra, explícita, na passagem: “A  solidariedade e a tolerância democrática, inexistentes no nosso tempo...” (/. 22/23)

4)Letra e
O antecedente do pronome relativo que  não é a palavra pluralidade,  colocada imediatamente antes dele, como possa parecer. Faça a substituição e você verá, pelo sentido, que o referente é liberdade: a liberdade consiste em defender idéias próprias.

5) Letra a
Nada no texto opõe o Brasil à Argentina. São apenas citados como países que passaram por problemas semelhantes no que toca à intolerância de seus governos autoritários.

6) Letra d
Questão de sinonímia. Basta consultar um bom dicionário para comprovar. O adjetivo patológico pode ser entendido como doentio, mórbido.

7) Letra c
Realmente muitos pensam que ser livre é fazer tudo aquilo que deseja, mas não é o que o texto nos diz. A letra a é absurda por si mesma. As alternativas b, d e e são parecidas, todas apontam para uma conduta egoística, que o texto procura combater. A resposta surge, clara, na passagem que  segue: “...consiste em defender idéias próprias, mas aceitando que o outro possa ter razão.” (/. 16/17)

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