Avaliação de interpretação de textos – Drummond [2]

Identificar, não só o sentido que as expressões têm num texto, mas também a sequência em que os fatos ocorreram é importante para mostrar que um determinado enunciado foi compreendido. Esta avaliação, baseada num texto bem interessante, trata disso. Faça-a, use-a se assim quiser. 

    _ É BOM mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
    _ Sei dizer não senhor: não tomo café.
    _ Você é o dono do café, não sabe dizer?
    _ Ninguém tem reclamado dele não senhor.
    _ Então me dá café com leite, pão e manteiga.
    - Café com leite só se for sem leite.
    _ Não tem leite?
    _ Hoje, não senhor.
    _ Por que HOJE não?
    _ Porque hoje o leiteiro não veio.
    _ Ontem ele veio?
    _ Ontem não.
    _ Quando é que ele vem?
    _ Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.
    _ Mas ali fora está escrito "Leiteria"!
    _ Ah, isto está, sim senhor.
    _ Quando é que tem leite?
    _ Quando o leiteiro vem.
    _ Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
    _ O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?
    _ Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite SEM leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
    _ Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
    _ E há quanto tempo você mora aqui?
    _ Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.
    _ Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
    _ Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
    _ Para que Partido?
    _ Para todos os Partidos, parece.
    _ Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
    _ Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida...
    _ E o Prefeito?
    _ Que é que tem o Prefeito?
    _ Que tal é o Prefeito daqui?
    _ O Prefeito? É tal qual eles falam dele.
    _ Que é que falam dele?
    _ Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é prefeito.
    _ Você, certamente, já tem candidato.
    _ Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
    _ Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?
    _ Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...

1 – O texto reproduz um diálogo entre o dono de um leiteria e um freguês. Quem inicia a conversa?

2 – O dono da leiteria não afirma que o café é bom, mas estimula o freguês a tomá-lo.
a)    Que frase do texto indica que o dono não garante a qualidade do café?
b)    Que frase o texto revela que ele anima o freguês a tomar o café?

3 – O freguês pede várias coisas.
a)    Quais? 
b)    Qual dessas coisas o dono não vai poder lhe servir?
c)    Copie a frase do texto em que você baseou suas respostas.

4 – O dono afirma que o leiteiro não vem regularmente. Indique as frase que justificam essa afirmação.

5 – O freguês acha que devia haver leite naquele lugar por duas razões. Quais?

6 – O freguês finalmente toma uma decisão. Qual?

7 – O freguês muda de assunto. Qual o novo assunto da conversa?

8 – O dono do bar não quer falar do assunto. Que frase do texto mostra isso?

9 – O freguês desconfia de que o dono do bar quer é fugir do assunto e lhe faz outra pergunta.
a)    Qual pergunta?
b)    Qual a resposta do dono do bar?

10 – O freguês não aceita que o dono do bar não esteja a par da política local. Que frase indica isso?

11 – O freguês dá a entender que o dono do bar estaria mentindo, ao dizer que não tinha candidato.
a)    Com que palavras dá a entender isso?
b)    Que responde o dono do café?

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Carlos Drummond de Andrade (Itabira - MG, 1902 - Rio de Janeiro, 1987)
Iniciou sua carreira em Belo Horizonte, onde viveu com a família. Seu irmão o incentivou na vocação literária. Mais tarde, vai para o Rio de Janeiro onde alguns de seus poemas começaram a ser divulgados. O ano de 1928 é marco importante em sua vida e em sua obra: nasce a filha Maria Julieta e publica em São Paulo o poema “No meio do Caminho”.  Drummond, além de poeta, é um excelente prosador, de estilo marcado pelo humor e pelo ceticismo, ou seja, estado de espírito de quem duvida de tudo.

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