Com a mudança na forma como o Português tem sido abordado nas provas como o Enem, surge a necessidade diária de reformular a maneira como se ensina a língua. Um dos aspectos mais em evidência é o estudo contextualizado das classes gramaticais como o advérbio. Aqui neste blog já fizemos isso por meio de exercícios de gramática e, principalmente, exercícios de interpretação de textos. Estudamos que as palavras que podem desempenhar diferentes papéis sintáticos. Vimos, por exemplo, que o substantivo pode ser núcleo de qualquer termo (do sujeito, do objeto etc.)
Os advérbios (e as locuções adverbiais), diferentemente, desempenham sempre uma única função sintática: a de adjunto adverbial. Exemplo:
Amanhã talvez ela repense, com calma, nossa proposta.
amanhã –> advérbio (de tempo) –> adjunto adverbial (de tempo)
talvez –> advérbio (de dúvida) –> adjunto adverbial (de dúvida)
com calma –> locução adverbial (de modo) –> adjunto adverbial (de modo)
Não se esqueça, no entanto, de que a classe gramatical de uma palavra é condicionada pelas relações sintáticas que ela estabelece com as outras palavras do enunciado. Compare:
1. As encomendas chegarão amanhã.
- classe gramatical: advérbio (de tempo)
- função sintática: adjunto adverbial (de tempo)
2. O amanhã angustia as pessoas inseguras.
- classe gramatical: substantivo (palavra substantivada)
- função sintática: núcleo do sujeito
3. O otimismo dos jovens constrói um amanhã mais justo.
- classe gramatical: substantivo (palavra substantivada)
- função sintática: núcleo do objeto
Aprender Português não é difícil e usarei aqui um discurso que tenho ouvido bastante nos vários contextos que tenho vivido como professor e blogueiro: É preciso pensar fora da caixa.
Se você continuar achando que o Português é uma “língua morta” falada apenas pelos professores ou necessária apenas em situações muito específicas, continuará tendo dificuldades em entender enunciados simples e precisando de ajuda para compreender informações básicas que nos são passadas todos os dias.
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