Avaliação, uma reflexão sobre a aprendizagem do aluno e sobre o fazer do professor

A proposta de discussão a respeito da “avaliação escolar” abaixo pode ser desenvolvida nas reuniões pedagógicas de professores. A partir da leitura do texto proposto, algumas questões serão apresentadas. Imprima, leve para sua escola ou, simplesmente, reflita sobre sua prática pedagógica.

O termo avaliar tem sido associado a fazer prova, fazer exame, atribuir notas, repetir ou passar de ano. Nela a educação é imaginada como simples transmissão e memorização de informações prontas e o educando é visto como um ser paciente e receptivo. Em uma concepção pedagógica mais moderna, a educação é concebida como experiência de vivências múltiplas, agregando o desenvolvimento total do educando. Nessa abordagem o educando é um ser ativo e dinâmico, que participa da construção de seu próprio conhecimento. Nesse ponto de vista, a avaliação admite um significado orientador e cooperativo.
A avaliação do processo de ensino e aprendizagem, é realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática na escola, com o objetivo de diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular . A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou o processo, mas deve como prática de investigação, interrogar a relação ensino aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as dificuldades de uma forma dialógica. O erro, passa a ser considerado como pista que indica como o educando está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, interação necessária em um processo de construção e de reconstrução. O erro, neste caso deixa de representar a ausência de conhecimento adequado. Toda resposta ao processo de aprendizagem, seja certa ou errada, é um ponto de chegada, por mostrar os conhecimentos que já foram construídos e absorvidos, e um novo ponto de partida, para um recomeço possibilitando novas tomadas de decisões.
A avaliação, dessa forma, tem uma função prognóstica, que avalia os conhecimentos prévios dos alunos, considerada a avaliação de entrada, avaliação de input; uma função diagnóstica, do dia-a-dia, a fim de verificar quem absorveu todos os conhecimentos e adquiriu as habilidades previstas nos objetivos estabelecidos. Para José Eustáquio Romão , existe também uma função classificatória, avaliação final, que funciona como verificação do nível alcançado pelos alunos, avaliação de output. Através da função diagnóstica podemos verificar quais as reais causas que impedem a aprendizagem do aluno. O exemplo classificatório   de   avaliação,   oficializa   a   visão   de   sociedade   excludente   adotada   pela   escola.
A Lei 9.394/96, a LDB, ou Lei Darcy Ribeiro, não prioriza o sistema rigoroso e opressivo de notas parciais e médias finais no processo de avaliação escolar. Para a LDB , ninguém aprende para ser avaliado. Prioriza mais a educação em valores, aprendemos para termos novas atitudes e valores. A educação em valores é uma realidade da Lei 9394/96. A LDB, ao se referir à verificação do conhecimento escolar, determina que sejam observados os critérios de avaliação contínua e cumulativa da atuação do educando, com prioridade dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais (Art. 24). Devemos nos conscientizar que aspectos não são notas, mas sim, registros de acompanhamento do caminhar acadêmico do aluno. O educando, sendo bem orientado, saberá dizer quais são seus pontos fortes, o que construiu na sua aprendizagem o que ainda precisa construir e precisa melhorar.
Assim desenvolve a noção de responsabilidade e uma atitude crítica. Para isso é necessário criar oportunidades para que pratique a auto-avaliação, começando pela apreciação de si mesmo , de seus erros e acertos , assumindo a responsabilidade por seus atos. Daí, a necessidade de uma educação dialógica, abalizada na troca de ideias e opiniões, de uma conversa colaborativa em que não se conjectura o insucesso do aluno Quando o educando sofre com o insucesso, também fracassa o professor. A escola deve riscar do dicionário a palavra FRACASSO. A intenção não é o aluno tirar nota e sim "aprender", já que ainda existe nota, que ela possa ser utilizada realmente como um identificador para o professor da necessidade de retomar a sua prática pedagógica. A avaliação quando dialógica culmina na interação e no sucesso da aprendizagem pois o diálogo é fundamental, e o professor através dela se comunica de maneira adequada, satisfatória com o aluno.
Rever o ponto de vista de avaliação é rever certamente as concepções de ensino aprendizagem, de educação e de escola , apoiado em princípios e valores comprometidos com a avaliação formativa. Quando isso for colocado em prática a avaliação será vista como função diagnostica, dialógica e transformadora da realidade escolar. Referencial: ALVES, N. & GARCIA, R.L. (orgs.) O sentido da escola

Proposta:
Após a leitura do texto, breve discussão em grupo e com a planilha de notas bimestrais em mãos, seguir as orientações:

1) Analisar os resultados obtidos pelos seus alunos observando: turmas com melhor aproveitamento, turmas com maior dificuldade e consequentes resultados insatisfatórios, alunos acima da média, alunos abaixo da média, avaliação em que os alunos foram melhor (prova semanal, trabalhos, laboratórios/ prova bimestral/ testão). Fazer registro desses dados.

2) Refletir sobre causas, buscando centrar a reflexão em sua ação didática. Propor sugestões de melhoria.

3) Elaborar uma breve avaliação do bimestre para ser feita com os alunos com questões que possam ajudar o professor a colher outras informações importantes para a condução do trabalho no próximo bimestre: aspectos positivos e negativos das aulas, estratégias que facilitam o entendimento, comentários sobre a própria participação em aula, pontos positivos e negativos da atuação do aluno e estabelecimento de propostas de melhoria.

4) Pensar em uma forma de expor os dados para os alunos envolvendo-os mais no processo de aprendizagem que é deles.

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